Blog do Josias de Souza
Saiu mais uma pesquisa presidencial do Datafolha.
Examinando-se o desempenho dos potenciais candidatos que, por serem
representantes dos partidos, representam o que eles têm de melhor para
oferecer, chega-se a duas conclusões incontornáveis: 1) O eleitorado não
é capaz de reconhecer qualidades empolgantes nos candidatos. 2) Os
candidatos são incapazes de demonstrá-las.
Lula lidera nos
diversos cenários pesquisados. Mas exibe percentuais mixurucas: entre
22% e 23% dos votos. O desempenho é tão franzino que fica abaixo do
percentual de eleitores que se declaram indecisos ou manifestam a
intenção de votar em branco ou anular o voto: entre 25% e 27%,
dependendo da simulação.
Há mais: nas sondagens de segundo turno,
Lula obtém taxas inferiores às de seus rivais. Se a eleição fosse hoje,
correria riscos reais de derrota em disputas diretas contra Marina Silva
ou José Serra. Para quem deixou a Presidência com aprovação de 83% e
cara de imbatível, amargar no primeiro turno taxas inferiores aos cerca
de 30% que costumam ser atribuídos ao PT é algo vexatório.
A Lava
Jato e a ruína econômica de Dilma esfarelam o prestígio de Lula. Mas
ninguém capitaliza o seu declínio. No cenário mais favorável para
Marina, ela soma 18% das intenções de voto. À frente das três
alternativas tucanas: Aécio Neves (14%), José Serra (11%) e Geraldo
Alckmin (9%). É como se o eleitor que foge de Lula preferisse escalar o
muro a embarcar noutras candidaturas.
Há dois anos da eleição, a
pesquisa de intenção de voto tem importância relativa. Serve sobretudo
para mostrar como cada candidato está presente na memória do eleitor.
Existe um outro indicador que, a essa altura, talvez seja mais
importante: o índice de rejeição, que permite aferir os limites para o
crescimento de uma candidatura. Lula é o candidato mais rejeitado.
Quase
metade do eleitorado (46%) declara que jamais votaria no morubixaba do
PT. Vêm na sequência Aécio (29% de rejeição), Michel Temer (29%), José
Serra (19%), Marina Silva (17%), Geraldo Alckmin (16%)… A aversão a Lula
tende a aumentar assim que a força-tarefa da Lava Jato divulgar as
surpresas que reservou para ele.
Em pesquisa de opinião feita
simultaneamente à sondagem eleitoral, o Datafolha verificou que 32% dos
brasileiros citam espontaneamente a corrupção como o principal problema
do país —à frente da saúde (17%), do desemprego (16%, índice mais alto
desde março de 2009), da segurança (6%) e da educação (6%). Em dezembro
de 2014, nas pegadas da reeleição de Dilma, apenas 9% mencionavam a
roubalheira de dinheiro público como a encrenca mais preocupante.
Além
de engordar o bloco do voto de protesto (branco ou nulo), o saco cheio
do eleitorado com a podridão conspira a favor do surgimento de um nome
novo, capaz de empolgar. Por ora, o eleitor exala desalento. Melhor
abrir bem os olhos. Nas últimas vezes em que teve esperança, o
brasileiro trombou com o caso Collor, o mensalão e o petrolão.
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