Em
entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, em Petrolina, nesta terça-feira
(12) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as
investigações da Operação Lava Jato sobre ele com um "carrapato" que o
incomoda e afirmou ainda que "derrotar o impeachment, hoje é mais fácil
do que antes".
"Todo dia alguém diz que vai falar o nome do
Lula. Estão há dois anos investigando e duvido que se ache um
empresário a quem eu pedi R$ 10", disse. Questionado se as investigações
o incomodam, o petista respondeu: "Dizer que não incomoda seria mentira
da minha parte. Isso incomoda como uma coceira. Já teve carrapato?",
ironizou para em seguida completar.
"Eu já fui prestar depoimento sobre as
minhas viagens, sobre medida provisória, sobre depoimento do Delcídio.
Acho muitas das perguntas insólitas, mas eu sou um cidadão igual a
qualquer um. Eu não estou acima da lei, se eles acham que houve algum
problema eles têm que investigar. Fiquei muito ofendido quando invadiram
a minha casa, mas tudo bem".
Questionado se ainda haveria tempo para
reverter o impeachment, o petista não escondeu o otimismo. "Eu acho que
hoje, para derrotar o impeachment é mais fácil do que antes. Porque
antes você tinha Câmara - que é praticamente incontrolável. Depois você
tinha a admissibilidade. Agora, a Dilma está dependendo de seis votos.
Ou seja, são seis senadores apenas que podem mudar o destino do País,
devolvendo para a Dilma o mandato popular que o povo deu a ela, e
portanto, somente o povo deveria tirá-la, ou até o Congresso, se ela
tivesse cometido um crime. Como não há um crime factível, comprovado
cometido por ela, pressupõem-se que a decisão é eminentemente política".
Lula disse ainda que "se sente extremamente
triste pela maneira como aconteceu (o impeachment) e que a presidente
afastada não merecia o tratamento recebido". "Jamais imaginei que a
Dilma fosse sair daquele jeito do governo. Eu não queria ter vivido
aquele momento", destacou para em seguida defender a correligionária.
"Dilma foi vítima de um mau humor que contaminou o Brasil desde 2013.
Pegaram a presidenta numa situação de baixa popularidade e aí a maioria
(de parlamentares) resolve destituí-la. A falta de base parlamentar não é
motivo para destituí-la. Não é porque ela está com baixa popularidade
que você pode afastar. No presidencialismo não é assim", condenou.
Na avaliação do petista, Dilma começou a
perder apoio quando quebrou a promessa de não mexer no bolso do
trabalhador. "Ninguém se conformou de Dilma ter dito durante a campanha
que não ia mexer no bolso do trabalhador e depois ela ter colocado em
prática um programa que era do adversário. Ela já tinha feito reuniões
com os sindicatos, mas foi anunciado um pacote que jogou os
sindicalistas contra ela".
O ex-presidente disse ainda que o País está
vivendo uma fase de pessimismo generalizado. "Em dezembro de 2014 o
Brasil chegou a 4,3% de desemprego, é uma coisa de primeiro mundo, mas
de repente a coisa desandou. Houve uma mistura de coisas equivocadas na
economia para evitar que a presidenta governasse. Agora precisamos parar
para consertar, primeiro evitando esse falso impeachment que inventaram
para a Dilma".
Sobre uma possível candidatura à Presidência
em 2018, Lula afirmou que "se o Brasil der certo" não vai concorrer.
"Se tudo estiver bem, se der certo, porque eu precisaria ser presidente
outra vez?". O petista ainda brincou ao dizer que "política é que nem
uma boa cachaça, você começa e não quer parar mais". (AE)
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