Relatório
com análise de mensagens do ex-presidente da empreiteira Otávio Azvedo
destaca conversas sobre valores destinados a uma associação presidida
pela irmã do senador, Andrea Neves, e troca de mensagens com Oswaldo
Borges, apontado como tesoureiro informal de Aécio (Foto: George Gianni)
Em relatório anexado ao inquérito da empreiteira Andrade
Gutierrez, a Polícia Federal analisou as informações contidas em
celulares apreendidos com o ex-presidente da construtora, Otávio Marques
de Azevedo. No documento, a PF destaca conversas sobre valores
destinados a uma associação presidida pela irmã do senador Aécio Neves,
Andrea Neves, e troca de mensagens com Oswaldo Borges, ex-presidente da
Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, e apontado como tesoureiro
informal do tucano.
Aécio atualmente é alvo de dois inquéritos do Supremo Tribunal
Federal no âmbito da operação Lava Jato. Em sua delação, Otavio Marques
de Azevedo não delatou qualquer tipo de pagamento de propina ou fraudes
praticadas em licitações à época que o tucano era governador de Minas
Gerais.
As conversas com Borges, apontado como um tesoureiro informal do
senador tucano, são de agosto de 2014, em meio a campanha presidencial
na qual Aécio Neves concorreu com a presidentes afastada, Dilma
Rousseff. Em 27 de agosto, Oswaldo pergunta a Otávio se era possível
“falar na quinta às 19h em Sp”.
Dois dias depois, Otavio responde: “Já foi feito”. Oswaldo agradece no mesmo dia: “Obrigado Otavio. Com vc funciona!!!rsrs”.
As mensagens trocadas com o suposto tesoureiro informal de Aécio,
segundo a PF, se deram no mesmo dia em que Azevedo confirmou doação para
a campanha de Dilma Rousseff, por meio do chefe de gabinete do então
tesoureiro da petista, Edinho Silva.
“Destaca-se mensagens de Otávio Marques e Oswaldo Borges da Costa e
Otávio Marques e +556981266901 analisadas em conjunto pois é possível
que estejam relacionadas à doações eleitorais”, informa o relatório da
PF. Ainda segundo o agente federal Di Bernardi, autor do relatório, as
“mensagens aparentemente contradizem o Termos de Declaração de Otávio no
tocante a forma como se davam as doações eleitorais”.
“Observa-se que tanto na mensagem para Manoel Araujo como na mensagem
para Oswaldo Borges, Otávio encaminha, praticamente no mesmo horário do
dia 29/08/2014, a mensagem “Já foi feito”, sendo que ambos agradecem.
Informações em fontes abertas associam Oswaldo Borges da Costa Filho à
Aécio Neves (seria genro do padrasto de Aécio108)”, completa o
relatório.
Andrea Neves
Apontada como braço-direito do senador, Andrea Neves aparece no
relatório da Polícia Federal por ter presidido a associação civil Servas
– Serviço Voluntário de Assistência Social. No dia 22/11/2012, Otávio
recebe mensagem de Jose Augusto Figueira, então suplente do conselho de
administração da Oi e presidente da Oi Futuro.
Na mensagem, Figueira informa a Otávio que ele possui saldo de R$ 1,5
milhões e que “para o Servas reservara, 160 ou 320 mil e que aguarda
retorno asap”. Além de apontar a existência da associação mineira,
presidida entre 2003 e 2014 por Andrea Neves, a Polícia Federal salienta
que dada a proximidade das datas é possível que o assunto Servas tenha
relação com uma reunião realizada um dias antes.
Essa reunião, conforme revelam mensagens analisadas pela PF, foi
agenda dois dias antes da conversa sobre o Servas. Em mensagem do dia
20, interlocutor identificado como Major Braga (Aécio) enviou a seguinte
informação para o ex-presidente da Andrade Gutierrez: “Boa noite Dr
Otávio! A pedido do Senador Aécio Neves preciso falar com o senhor!
Obrigado, Major Braga”.
Minutos depois, Major Braga envia outra mensagem: “Dr Otávio, Senador
Aécio Neves pede para avisar que irá dormir na residência da mãe dele,
Sra. Ines Maria. Reunião amanhã transferida para o endereço, Rua
Prefeito Mendes Moraes, nr 1100 / Cobertura – RJ”.
Segundo a PF, mesmo após a troca do local do encontro, Otávio
“confirma o recebimento” e diz que “estará lá no dia seguinte”. (AE)
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