Apesar de inofensivo ao ser humano, o vírus da mancha branca pode dizimar toda uma produção de camarões em até três dias. Produtores se preparam para conviver com a doença
Um vírus letal para camarões e, até
então, inofensivo para humanos, se instalou no Ceará. É sabido que, de
Aracati a Parajuru, pelo menos, o vírus da mancha branca já dizimou
produções inteiras do crustáceo e ameaça fechar fazendas de cultivo. Em
Jaguaruana, um dos principais polos produtivos do Estado, pequenos
produtores têm se apavorado com a ideia de perder o sustento e buscam
apoio científico e financeiro para manter o negócio.
No
Ceará, a mancha branca foi detectada em 2005 pelo Instituto de Ciências
do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) em viveiros do
município de Aracati (a 148 quilômetros de Fortaleza). Mas o surto foi
caracterizado somente neste ano. Entre os danos causados ao camarão, são
visíveis calcificações na carapaça e mudanças na coloração. Além disso,
uma vez infectado o animal, a
morte é rápida.
morte é rápida.
“Existem
locais em que, em três dias, morre toda uma população (de camarões)”,
dimensionou o pesquisador de pós-doutorado do Labomar, Rubens Feijó. Ele
adiantou, entretanto, que o instituto tem tentado encontrar uma forma
de bloquear, em larga escala, a replicação do vírus. “Hoje, a gente
consegue (bloquear) por injeção, mas é inviável injetar em produção. Vai
demorar certo tempo até disponibilizar isso para o setor”, adiantou.
Para
o consumo, segundo Feijó, não há consequências. “Até hoje, não apareceu
nenhuma pesquisa que prove o contrário”, tranquiliza.
O
pequeno criador e ex-presidente da Central dos Criadores de Camarão de
Jaguaruana, Manoel Gildo de Almeida, diz que, na Cidade, a doença ainda
não chegou com força total, mas acredita que, quando instalada de vez,
“vai causar um impacto muito grande, tanto econômico quanto social,
porque as fazendas que não tiverem como produzir vão ter de fechar ou
diminuir o número de funcionários”. Por causa disso, ele informou que
muitos produtores de lá têm buscado fora apoio financeiro.
Manejo
Essa
não é a primeira vez que o Ceará tem de lidar com uma ameaça à criação
de camarões e nem será a última, como lembra Rubens Feijó. “Em 2004, o
Estado foi atingido pelo Vírus da Mionecrose Infecciosa (IMNV). Já teve
declínio na produção e o setor já sabia que poderiam vir outras doenças,
só que não houve investimento em vias de segurança”, disse o
pesquisador.
Para conviver com o problema, a Secretaria da
Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa) recomenda aos produtores, além
de investir em segurança, aderir a novas tecnologias de cultivo e
melhorar o manejo.
“Muitos países já sofreram com a mancha
branca. Esses locais aprenderam ou estão aprendendo a conviver com o
vírus, e é o que teremos de fazer aqui no Ceará”, afirmou o engenheiro
de pesca da coordenadoria de Aquicultura da Seapa, Ricardo Rebouças.
Frase
VAI
CAUSAR IMPACTO MUITO GRANDE, PORQUE AS FAZENDAS QUE NÃO TIVEREM COMO
PRODUZIR VÃO TER DE FECHAR OU DIMINUIR O NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS”
Manoel Gildo, criador e presidente da Central de Criadores de Camarão de Jaguaruana
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