Governo informou que não vai recuar e deve expandir a instalação para três das maiores unidades prisionais até o fim do ano
O Rio Grande do Norte registrou mais dois ataques criminosos na
madrugada desta quarta-feira (3). Com isso, a onda de violência no
Estado já soma 90 ocorrências, em 29 cidades. Os crimes contra veículos e
prédios públicos seriam uma reação de facções criminosas à instalação
de bloqueadores de sinal de celular em presídios do Estado. O governo
informou que não vai recuar e deve expandir a instalação para três das
maiores unidades prisionais até o fim do ano.
Nesta terça-feira (2) veículos em quatro cidades do interior foram
incendiados; em um deles, as chamas começaram em carros guardados em um
pátio da Polícia Civil. Por decisão da Secretaria de Justiça, os
aparelhos de bloqueio deverão passar a funcionar na Penitenciária
Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Estado, além das
unidades Caicó e Mossoró. O início do funcionamento do equipamento no
Presídio Estadual de Parnamirim teria desencadeado os ataques.
Para combater a violência, o governo do Estado requisitou e o
presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), liberou a atuação de 1,2
mil militares das Forças Armadas no patrulhamento nas ruas da capital.
Cerca de 500 deles já chegaram à cidade e devem começar as atividades na
tarde desta quarta-feira.
Para acertar os detalhes da atuação das tropas, o ministro da Defesa,
Raul Jungmann, estará em Natal durante a manhã em reunião com o
governador Robinson Faria (PSD).
O número de presos com suspeita de ligação com as ocorrências chegou a
72 nesta terça-feira. A Polícia Civil prendeu três pessoas que estariam
diretamente ligadas ao comando da facção que tem liderado os ataques.
Daniel Silva de Carvalho é apontado como sendo o segundo membro mais
importante do grupo. A segunda pessoa presa, Islênia de Abreu Lima,
também é apontada como membro da cúpula da quadrilha Um menor também foi
apreendido.
Segundo os investigadores, Carvalho seria o autor do primeiro ataque
coordenado, que aconteceu na sexta-feira passada, contra um ônibus em
Macaíba, na região metropolitana de Natal. O homem foi encontrado com
queimaduras nos dois braços e confessou ter agido por ordem da facção.
Na segunda-feira (1º) cinco presos apontados como lideranças de dentro
das unidades prisionais já haviam sido transferidos para a penitenciária
federal em Mossoró, a cerca de 280 quilômetros de distância da capital.
Nesta terça-feira, as identidades deles foram divulgadas: Edson Cardoso
Bezerra, Anderson Mendonça da Silva, Cosme Wendel Rodrigues Gomes, Alex
Barros de Medeiros e Marcos Paulo Ferreira, conhecido como Cabeça do
Acre, todos apontados como importantes figuras do tráfico de drogas no
Estado.
O sistema penitenciário potiguar já enfrentava uma crise desde o
primeiro semestre do ano passado, quando rebeliões causaram danos nas
unidades prisionais, em ação articulada com criminosos nas ruas que
também atacaram veículos do transporte público.
Prejuízo
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Público de
Passageiros (Seturn), a circulação de ônibus retomou nesta quarta-feira o
horário normal de operação, a partir das 5h30. A frota, no entanto,
segue reduzida, com cerca de 65% do efetivo. Ao longo do dia, a previsão
é de que chegue a 80%.
De acordo com levantamento divulgado pelas empresas de transporte
público, os prejuízos no setor já somam mais de R$ 4,7 milhões, entre
veículos incendiados e perda de receita por causa da suspensão dos
serviços.
A Câmara de Dirigentes Lojistas do RN já afirma que há prejuízo real no
faturamento do comércio e serviços, apesar de não ter concluído o
levantamento de dados. Com medo da violência, parte das escolas
particulares de Natal e região metropolitana adiou o reinício do ano
letivo para a próxima segunda-feira.
Eventos esportivos e culturais também vêm sendo cancelados ou adiados.
Foi o caso do show da banda Jota Quest, que estava marcado para ocorrer
no próximo sábado, mas foi cancelado. Segundo a organização, o show será
agendado novamente, mas ainda não tem uma nova data definida.
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