Experimento da Nasa que se encerrou nesta semana simula as condições do planeta e foi o mais longo feito até o momento. Grupo tomou um banho por mês

Experimento feito no Havaí simula como seria uma missão espacial em Marte (C.Heinicke/Hi-Seas.org/Divulgação)
Por um ano, seis pessoas viveram isoladas em uma encosta árida
ao Norte do vulcão Mauna Loa, no Havaí. Sua casa era um pequeno domo
tecnológico de 11 metros de diâmetro e seis de altura, semelhante ao que
astronautas irão usar na futura colonização de Marte. A missão, chamada
Hi-Seas (sigla para Hawaii Space
Exploration Analogue and Simulation, em inglês), da Nasa, simulava a
possibilidade de morar em Marte e vai estudar os efeitos psicológicos de
voos espaciais de longa duração. Nesta semana, ao fim do mais longo
experimento desse tipo, o francês Cyprien Verseux, um dos integrantes
submetidos às difíceis condições, afirmou: “A missão para Marte no
futuro próximo é realista.”
Publicidade
style="display:inline-block;width:336px;height:280px"
data-ad-client="ca-pub-1514761005057416"
data-ad-slot="6937877483">
A agência espacial americana pretende estabelecer, nas próximas décadas, colônias no planeta que sejam independentes da Terra. Para
isso, em conjunto com a Universidade do Havaí, estuda de que forma
cenários de isolamento de longo prazo funcionariam na Terra, por meio do
programa Hi-Seas, que começou a operar em 2012. Antes da missão que se
encerrou nesta semana, três outras foram feitas, duas com quatro meses
de duração e outra com oito.
Dessa vez, os membros da equipe podiam se aventurar do lado de fora
do domo apenas em trajes espaciais. Tomaram doze banhos por ano – no
máximo. Homens e mulheres tinham seus próprios quartos, pequenos, mas
com espaço para camas dobráveis e mesas. Eles passaram os dias à base de
alimentos como queijo em pó e atum enlatado. A cúpula onde moravam
tinha banheiros e chuveiros que funcionavam a base de compostagem, e era
alimentada por energia solar. O acesso à internet era limitado.
Ao final da missão, a conclusão do grupo foi que vencer a monotonia
do lugar foi a parte mais difícil. Além disso, o isolamento e a falta de
alimentos frescos e de ar foram também grandes desafios. “Mas acredito
que os problemas técnicos e psicológicos podem ser superados”, disse
Verseux.
Água em Marte
Em entrevistas, os seis integrantes do experimento se mostraram
otimistas a uma futura viagem à Marte, mas fizeram referências às brigas
e ao cansaço de ver as mesmas pessoas o tempo inteiro. Aconselharam os
próximos voluntários (ou astronautas a uma futura missão para o
planeta): “Levem livros”.
O americano Tristan Bassingthwaighte, também integrante da missão,
disse que os membros da equipe se envolveram em hobbies como dançar
salsa e tocar ukelelê para afastar o tédio e não “ficarem loucos”.
Christiane Heinicke, da Alemanha, disse que seu principal experimento
foi extrair água do solo, acrescentando que a composição mineral do
solo vulcânico do Mauna Loa é muito similar à do solo marciano.
“Você realmente pode obter água de um terreno que é aparentemente
seco”, disse Heinicke. “Ou seja, é possível obter água também em Marte”.
Mais duas missões Hi-Seas estão previstas para 2017 e 2018. Ambas
deverão durar oito meses cada, e os organizadores já estão à procura de
voluntários.
0 comentários:
Postar um comentário