Anderson Cid
andresongurgel@opovo.com.br
A produção de camarão no
Ceará deve ter uma queda em torno de 40% neste ano, segundo Cristiano
Maia, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Camarão do
Estado. A baixa, causada pelo vírus da mancha branca, já fez com que o
preço subisse também cerca de 40%. Segundo Cristiano, o prejuízo foi
integralmente repassado ao consumidor, não devendo haver nova alta até o
fim do ano. “Como a oferta diminui e a demanda é crescente o preço
final sobe”.
Letal para o crustáceo, mas inofensiva para o
consumo humano, a doença já havia sido identificada ano passado em
viveiros de Aracati, mas só houve a caracterização do surto este ano.
Ontem, o vírus esteve na pauta do lançamento da XIII Feira Nacional do
Camarão (Fenacam), que acontecerá em novembro.
“Não tem vacina
nem remédio que se aplique em nenhum canto do mundo”, conta Cristiano. O
que se deve fazer para combater o vírus, ele diz, é dar condições para
que ele se prolifere menos. É possível, por exemplo, fazer com que o
camarão fique mais resistente à doença, reforçando sua ingestão de
proteína, ou inibir a propagação do vírus, mantendo a água mais quente.
Euvaldo
Bringel, secretário-adjunto da Agricultura, Pesca e Aquicultura do
Estado (Seapa), entende que é preciso haver atenção especial para o
desenvolvimento de inovações tecnológicas a fim de minimizar os
prejuízos. Para ele, o setor está “preparado para produzir mesmo com a
mancha branca e consciente para que a margem de preço não prejudique o
consumo”.
A mancha branca é percebida nas produções
brasileiras há mais de 10 anos, tendo sido observada em 2004 em Santa
Catarina. Em 2008, ela atingiu a Bahia. Afetou Pernambuco em 2012, o Rio
Grande do Norte em 2014 e, finalmente, o Ceará em 2016.
O
Ceará é, hoje, o maior produtor de camarão do Brasil, com a produção de
2015 tendo fechado em 76 mil toneladas, equivalente a 65,7% da produção
no País. Apesar da chegada da doença, Cristiano considera que o Estado
não vai perder esse status, em razão de os demais estados também terem
sido afetados.
Cenário nacional
Durante
o encontro, Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de
Criadores de Camarão (ABCC), apresentou dados do setor no Brasil e
defendeu que é preciso investir para que a produtividade volte a subir e
o País possa outra vez competir no mercado mundial.
As
exportações de camarão no Brasil em 2003 registravam 58.455 toneladas e
equivaliam a US$ 226 milhões. Em 2015, foram apenas 77 toneladas e US$
400 mil. Já o Equador comercializou 326 mil toneladas e US$ 2,3 bilhões
no ano passado.
Itamar conta que o Brasil tem um
potencial considerável para expandir sua produção. Entretanto, precisa
reforçar três pilares: a emissão de licenças por parte do Governo para a
produção do crustáceo, a oferta de crédito por parte dos bancos e a
difusão de informação para os produtores menores.
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