Na
próxima vez que estiver em um aeroporto, dê uma olhada nos aviões
estacionados e repare que há uma falta de empolgação na pintura das
aeronaves. Cores chamativas e desenhos cheios de estilo são quase uma
raridade nos aeroportos de todo o mundo. Não importa a nacionalidade ou a
companhia aérea, os aviões atuais têm sempre a mesma característica:
são quase todos brancos.
A escolha da cor da pintura
dos aviões, no entanto, vai muito além de questões de criatividade. O
predomínio do branco está muito mais relacionado a aspectos técnicos e
de economia de recursos financeiros do que propriamente estéticos.
Troca de calor
O
primeiro ponto está relacionado com o calor. É que o branco é a cor que
mais reflete os raios solares. Qual camiseta seria mais apropriada para
um dia do sol escaldante, uma branca ou uma preta? É esse mesmo
princípio utilizado nos aviões.
Para manter a
temperatura interna ideal quando o avião está no solo, é necessário
acionar um motor auxiliar chamado de APU (Unidade de Potência Auxiliar,
na sigla em inglês). Para funcionar, claro, a APU consome combustível.
Em um ambiente que não esteja superaquecido, esse consumo é menor. E o
departamento financeiro das companhias agradece.
Visibilidade
A
pintura branca dos aviões também agiliza o trabalho de manutenção e
aumenta a segurança das operações aéreas. É que o branco aumenta a
visibilidade de rachaduras, vazamentos de óleos e corrosões, que podem
ser identificados com muito mais rapidez.
Além de
evitar problemas mais sérios, quanto antes um dano for reparado, menor
deverá ser o custo do conserto. Há também a questão do tempo. Com
inspeções mais rápidas, o avião precisa ficar menos tempo no chão. E
avião no chão é dinheiro perdido para as companhias.
Custo da pintura
Pintar
um avião é algo bastante caro. Estima-se que, dependendo do modelo e
tamanho do avião, o valor deve variar entre US$ 50 mil (cerca de R$ 170
mil) e US$ 200 mil (cerca de R$ 680 mil). Isso sem contar o tempo que o
avião tem de ficar parado no hangar.
Manter um avião
branco com aspecto de novo é muito mais fácil do que evitar que uma
pintura colorida se desbote. Por mais que seja somente uma questão
estética, muitos passageiros ficariam com medo de entrar em um avião com
cara de malcuidado.
Peso do avião
Camadas
extras de tinta aumentam o peso do avião, que passa a consumir mais
combustível e a gerar prejuízo. A Airbus calcula que um A380 leve 531 kg
de verniz e base para a tinta, e 650 kg no total com todas as camadas
de pintura. Novamente, o branco leva vantagem nessa questão.
Clores
claras exigem uma camada mais fina de pintura, consequentemente menos
uso de tinta e um avião mais leve. Já as cores escuras exigem mais
camadas para atingir o tom ideal.
Valor de revenda
A
cor dos aviões nem sempre é uma decisão exclusiva das companhias
aéreas. Boa parte da frota das empresas é adquirida por meio de leasing.
Quando acaba o contrato com uma companhia, o real proprietário do avião
quer repassar aquela aeronave o mais rápido possível para outra
empresa.
Toda a negociação fica mais fácil quando o
avião já vem nas mesmas cores de seu futuro operador. O mesmo acontece
quando a empresa é a proprietária do avião. Quando quiser revender a
aeronave, o valor de mercado será maior.
Estratégia de marketing
Em
muitos casos, porém, as companhias deixam a lógica um pouco de lado por
uma questão de marketing ou até mesmo por patrocínios.
Durante
a Copa do Mundo de 2014, por exemplo, a Gol chamou os artistas
plásticos Otávio e Gustavo Pandolfo, da dupla Osgemeos, para pintar um
Boeing 737-800 inteiro. O avião com visual único foi usado para
transportar a seleção brasileira pelo país.
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