As mechas são negociadas na fronteira com a Colômbia e vendidas como extensões para cabelo no país vizinho

Cidadãos venezuelanos fazem fila para comprar comida em uma loja de Caracas, na Venezuela (Ueslei Marcelino/Reuters)
Desesperadas e sem dinheiro para comprarem itens de
necessidade básica, mulheres da Venezuela começaram a ir até a fronteira
com a Colômbia para venderem seus cabelos. A tendência, que cresceu nas
últimas semanas, se tornou mais uma fonte de renda para quem vive no
país afundado em uma grave crise econômica.
De acordo com o jornal The Guardian, dezenas de
intermediários aguardam na ponte que liga a cidade de San Antonio del
Táchira, na Venezuela, com a colombiana Villa del Rosario, gritando que
“compram cabelo”. Há pelo menos sete pontos de “coleta” e cerca de
duzentas mulheres aceitam a oferta diariamente. As mechas são vendidas
como extensões para cabelo no país vizinho.
A mediadora Jenifer Nino, que faz cortes e vendas, diz que a maioria
das clientes “chega com crianças e, em seguida, sai para comprar
comida”. “Posso tirar volume, cortar mechas aqui e ali ou fazer um rabo
de cavalo e cortar todo o cabelo”, explica. Segundo ela, algumas ficam
insatisfeitas pelo visual final, mas aceitam por necessidade financeira.
Celina Gonzales, de 45 anos, ficou uma hora na fila para vender seu
cabelo castanho de comprimento médio por 60.000 pesos colombianos,
segundo o Guardian. O valor equivale a 67 reais, no câmbio
negro, quantia semelhante ao salário mínimo mensal na Venezuela. “Sofro
de artrite e preciso comprar remédios. Não é muito, mas pelo menos
adquiro medicamentos para dor”, conta Celina.
A crise econômica e política no país tem dificultado o acesso a
mantimentos básicos, como alimentos, produtos de higiene e remédios.
Mesmo nas datas de compra organizadas pelo governo, nem sempre há
estoque suficiente para que todos possam fazer compras. Em meios não
oficiais, um pacote de arroz pode custar até um décimo do salário médio
do mês.
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