Questionado sobre os escândalos de abusos sexuais dentro da Igreja, o papa Francisco disse que o caso precisa ser visto como uma "doença"

Papa reconhece que há corrupção no Vaticano, mas disse estar "em paz" (Alessandro Bianchi/Reuters)
O papa Francisco admitiu que existe corrupção
no Vaticano, mas que aprendeu a encarar os problemas com “serenidade e
viver em paz”, de acordo com uma reportagem publicada nesta quinta-feira
pelo jornal italiano Corriere della Sera. “Há corrupção no Vaticano,
mas eu estou em paz”, disse o líder católico. “Qual é o segredo da minha
serenidade? Não tomo remédios tranquilizantes. Os italianos sempre dão
um belo conselho: para viver em paz, precisa um pouco de ‘indiferença’.
Eu não tenho problema em dizer que estou vivendo uma experiência. Em
Buenos Aires, era mais ansioso, mais preocupado. Hoje vivo uma profunda
paz, não sei explicar”, contou.
De acordo com Francisco, os cardeais e membros da cúria
sabem dos problemas internos do Vaticano e “todos queriam reformas” no
último conclave. “Nas congregações gerais antes do conclave que me
elegeu, falavam dos problemas do Vaticano e todos queriam reformas”,
disse. “Mas se há algum problema, eu escrevo um bilhete a São José e
coloco embaixo de uma estátua no meu quarto, uma estátua de São José
dormindo. Ele dorme em cima dos meus bilhetes e eu durmo tranquilo”,
afirmou Francisco.
Abusos sexuais — Questionado sobre os
escândalos de abusos sexuais dentro da Igreja Católica, o papa disse que
a “disseminação dos abusos é devastadora”, mas que o caso precisa ser
visto como uma “doença”. “Se há religiosos envolvidos, é claro que está
em ação o diabo que estraga a obra de Jesus através de quem deveria,
justamente, anunciar Jesus. Mas vamos falar a verdade: isso é uma
doença”.
No início da semana, uma comissão criada pelo governo da
Austrália divulgou um relatório inédito sobre casos de pedofilia no país
que aponta que 7% dos sacerdotes católicos locais (mais de 4.000
padres) foram acusados de abusos desde os anos 1950. O Vaticano, que
possui regulamentações próprias e leis internas para lidar contra a
pedofilia e a corrupção, também já foi citado pelas Nações Unidas a
prestar esclarecimentos.
(Com ANSA)
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