De acordo com estudo, pessoas que possuem crenças, mas não
muito convictas, são as que mais temem pelo fim da vida
Homem reza no primeiro dia do ano tibetano, no templo de
Yonghegong Lama, em Pequim
Pessoas muito religiosas e ateias têm menos medo de morrer
do que indivíduos que acreditam em alguma entidade superior, mas sem grande
fervor, indica um estudo publicado neste mês no periódico Religion, Brain and
Behavior. O levantamento foi baseado em uma revisão de 100 pesquisas sobre a
associação entre religião e ansiedade diante da morte.
Segundo Jonathan Jong, cientista do Instituto de
Antropologia Cognitiva e Evolucionária da Universidade de Oxford, no Reino
Unido, o estudo contraria a hipótese de que pessoas sem religião teriam mais
medo da morte do que as demais. “Pode ser que o ateísmo também traga algum
conforto ou que indivíduos sem medo de morrer não sintam necessidade de
procurar uma religião”, afirma em comunicado.
O trabalho gira em torno de um conceito chamado Terror
Management Theory (TMT), algo como “teoria da administração do terror”, em
português. Segundo essa hipótese, o choque entre o desejo de viver e a noção da
morte inevitável são a razão por trás da maioria dos valores culturais e dos
rituais. Por causa desse conflito, criamos comportamentos que nos ajudam a
evitar situações de risco ou esquecer que a morte chegará um dia.
Esse mecanismo de defesa também determinaria o desejo de se
misturar a grupos sociais específicos, como os religiosos ou políticos. A
teoria prevê que a ansiedade em relação à morte seria inferior em pessoas com
graus elevados de religiosidade, e que indivíduos que temem o fim da vida
naturalmente se sentiriam atraídos pela religião.
De fato, 30% dos estudos analisados indicavam uma relação
entre níveis altos de religiosidade e menor medo de morrer. A surpresa foi
constatar que, das onze pesquisas que consideravam dados de ateus, dez
apontavam que esses indivíduos temiam menos a morte do que os demais. De acordo
com os cientistas, o receio é maior para quem está no meio do caminho em termos
de religiosidade.
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