Típico nas festas de São João, o milho é fonte de carboidrato, fibras e vitaminas. Mesmo sendo um dos cereais mais consumidos pelos brasileiros, o produto poderia estar mais presente nas mesas
AURELIO ALVES /ESPECIAL PARA O POVO
Comum nas mesas quadriculadas de junho, o milho é um alimento que tem gosto de São João. A festa, de cunho religioso, embrenhou-se pela cultura popular e favorece o cereal pela chance de celebrar a boa colheita. A sorte do sertanejo - aquele que semeia e pede aos céus a oportunidade de o fruto embonecar - é festejada nas canjicas, nas pamonhas e em outras preparações que falam de um tempo e de um povo. E, além de saboroso, o alimento guarda propriedades importantes para o funcionamento do corpo.
A tradição de levar o milho à mesa remonta aos indígenas. O produto fazia parte da alimentação das tribos e acabou perpetuado, pelas famílias do interior nordestino. Mas não é só por lá que o alimento é apreciado.
O milho é consumido no País todo, em especial no Nordeste e no Centro-Oeste. “No Ceará, representa a fartura da época das chuvas. Existe a tradicional debulha do feijão e do milho. Essas festas religiosas, como São João, também são de agradecimento ao fruto”, conta a antropóloga Peregrina Capelo, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Fundamental na mesa dos brasileiros, ele é uma das bases da nossa alimentação, com outros cereais como o arroz e o trigo. E o grão tem algumas vantagens: a versatilidade na cozinha e o aroma marcante são as principais. Mas o consumo ainda é baixo em relação aos demais cereais.
Anualmente, cada brasileiro consome 2,8 kg de milho, na forma de grãos, espiga ou conserva. O uso de milho na alimentação dos brasileiros ainda é baixo, se comparado com outros produtos como arroz (26,4 kg) e feijão (9,1 kg).
No Ceará, o uso é um pouco maior que a média nacional. Os cearenses consomem 4,5 kg do produto anualmente. O Estado é o 9º na classificação dos que mais consomem milho por habitante. O primeiro é o Piauí, onde o consumo é de 11 kg por pessoa, todos os anos, segundo o IBGE.
Alguns especialistas reconhecem que o produto poderia estar mais presente nas mesas dos brasileiros em outros períodos do ano. “Existe pouca oferta de milho para consumo humano. Boa parte é para fabricação de ração animal. Existe um grande apelo de consumo de outros alimentos, como trigo e arroz”, diz o nutricionista Thiago Queiroz.
Além de versátil, os produtos com milho, ou o próprio fruto cozido são importante fonte de carboidrato, proteínas e vitaminas. Boa opção para dietas e para a saúde do corpo.
RÔMULO COSTA
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