Descoberta publicada na 'Cell' pode reescrever a história do homem
Estudo. Reconstituição dos hominídeos Denisovans e Neandertal; espécies diferentes cruzaram e deixaram descendentes
Washington, EUA. Uma misteriosa linhagem do ser humano conhecida como Denisovas – já extinta e que, até uma década atrás, nem era conhecida – pode ter feito sexo com humanos modernos em pelo menos dois episódios diferentes da história, revela estudo publicado na revista científica “Cell”.
Usando técnicas inovadoras, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, detectaram vestígios de DNA desses antigos hominídeos em pessoas que vivem no leste da Ásia e na Oceania – e descobriram que esses vestígios eram diferentes.
A descoberta sugere uma história evolutiva das duas linhagens mais diversa do que se pensava anteriormente. Embora os humanos modernos sejam a única linhagem sobrevivente hoje, outras não só viveram ao lado deles, mas até fizeram sexo com eles, deixando o DNA no seu genoma.
“Fiquei surpreso por haver dois grupos muito diferentes de Denisovas que contribuíram com o DNA para os humanos modernos – não era algo que eu esperava ver”, disse a principal autora do estudo, Sharon Browning, um geneticista estatístico da Universidade de Washington, ao “Live Science”.
Os pesquisadores sugerem que os antepassados da Oceania se cruzaram com um grupo sulista de Denisovas, enquanto os antepassados dos asiáticos do leste se misturaram com um grupo do norte. “A implicação é que havia pelo menos três casos de cruzamentos humanos modernos com humanos arcaicos – um com Neandertais e dois com Denisovas”, disse Browning.
O que se sabia. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que, se de um lado, os Denisovas compartilhavam uma origem comum com os Neandertais, de outro, eram quase tão geneticamente distintos como os Neandertais eram de seres humanos modernos.
Já se sabia também que os Denisovas contribuíram com o DNA para vários grupos humanos modernos. Cerca de 5% de seu DNA foi encontrado nos genomas da população da Oceania e 0,2% nos genomas dos asiáticos e dos nativos norte-americanos.
Implicações
Semelhanças. “Para mim, isso sugere que os humanos modernos não eram tão diferentes dos Neandertais e dos Denisovas”, disse a geneticista Sharon Browning.
Buscas por mais sinais vão continuar
Washington. Os cientistas planejam procurar mais sinais de cruzamento entre humanos modernos e outras linhagens humanas arcaicas em asiáticos e outras populações em todo o mundo.
“Há sinais de que o intercâmbio com humanos arcaicos estava ocorrendo na África, mas ninguém ainda encontrou fósseis humanos arcaicos africanos com DNA suficiente para sequenciar”, disse a geneticista Sharon Browning, da Universidade de Washington, em comunicado.
Flash
Suspeita. Um quarto dos pedaços de DNA encontrados em humanos vivos não combinava com o DNA de Neandertal ou de Denisova. Por isso, também o ser humano pode ter tido filhos com linhagens ainda não identificadas.
0 comentários:
Postar um comentário