Para a acusação, a Odebrecht está por trás da compra da unidade
O
apartamento, em São Bernardo do Campo (SP), fica no mesmo prédio e é
contíguo ao imóvel em que mora o ex-presidente. (Foto: Ricardo Stuckert)
Pivô
da mais recente ação penal contra Luiz Inácio Lula da Silva, o
engenheiro Glaucos da Costamarques disse aos investigadores da Lava Jato
que o valor referente ao aluguel de um apartamento de sua propriedade
usado pelo ex-presidente era repassado diretamente a ele por Roberto
Teixeira, advogado e amigo do petista.
Na prática, contudo, Teixeira não pagava o aluguel, pois o valor era
usado como compensação por uma “assessoria sobre imóveis” que ele
prestava, segundo Costamarques. O engenheiro declarou que não
contabilizava os rendimentos com o imóvel porque “não achava
necessário”. A informação é da Folha de S. Paulo.
Para a acusação, a empreiteira Odebrecht está por trás da aquisição
da unidade, como forma de beneficiar Lula. O apartamento, em São
Bernardo do Campo (SP), fica no mesmo prédio e é contíguo ao imóvel em
que mora o ex-presidente.
Os procuradores da Lava-Jato sustentam que Costamarques, primo
distante de José Carlos Bumlai, amigo de Lula, era um “testa de ferro”
do petista. Dizem que, para arcar com a compra, o engenheiro recebeu em
2010 R$ 800 mil da DAG Construtora, que por sua vez havia obtido
repasses da Odebrecht.
A denúncia foi aceita pelo juiz Sérgio Moro na semana passada, o que
fez Lula se tornar réu pela quinta vez. A falta de pagamentos de aluguel
por Lula é um dos principais argumentos da acusação na ação penal. A
investigação rastreou as contas bancárias de Lula e não encontrou os
repasses, embora o ex-presidente tenha declarado os gastos desse aluguel
no Imposto de Renda. Anteriormente, à Polícia Federal, o engenheiro
disse que o valor “de alguns aluguéis” foi pago em espécie.
Ao depor, Costamarques também deu sua versão sobre como acabou se
tornando proprietário da unidade: disse que, em 2010, quando o petista
era presidente, Teixeira contou que o imóvel estava alugado para a
Presidência e que comprá-lo poderia ser “um bom negócio”, mas que “só
serviria se não quisesse morar no local”.
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