O relato, da britânica Claire-Marie Beroucheanos, simboliza uma perigosa realidade: cerca de 40% das mulheres que sofrem um infarto não sentem dor no peito

Estudos mostram que muitas das mulheres que
estão sofrendo um infarto sofrem de sintomas pouco conhecidos, como dor
ou desconforto nos braços, pescoço, mandíbula; indigestão ou refluxo
(iStock/Getty Images)
“Achei que fosse indigestão, mas eu estava tendo um infarto”. O relato é de Claire-Marie
Berouche, uma britânica de 49 anos. Embora possa parecer estranho,
especialistas afirmam que o sintoma é extremamente comum em mulheres e
aconselham: se você tem mais de 40 anos e sentir repentinamente algum
dos seguintes sintomas – dor ou desconforto nos braços, pescoço,
mandíbula; indigestão ou refluxo; enjoo, falta de ar, delírio, mal-estar
geral ou letargia (acompanhada de dor ou desconforto no peito) –
procure um médico ou vá para o hospital.
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Segundo informações do jornal britânico The Telegraph,
Claire começou a se sentir mal quando estava indo ao cinema com sua
família. Inicialmente, ela achou que fosse apenas indigestão causada por
um sanduíche consumido pouco tempo antes. Mas o sintoma permaneceu
pelos próximos seis dias, quando, além da indigestão, sentiu uma forte
náusea e pensou ter contraído uma infecção gastrointestinal.
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“O mais estranho é que eu não conseguia vomitar. Eu só me sentia
muito enjoada e desconfortável, com ondas dessa sensação pegajosa e
horrível”, disse Claire-Marie.
Quase uma semana após o início do mal-estar, seu marido finalmente
decidiu chamar uma ambulância. Mas, quando os paramédicos começaram a
gritar “Código Azul” (tradução livre do inglês Code Blue) após um
eletrocardiograma, viu-se que o problema era sério. A “indigestão” eram
mini infartos e agora estava com um quadro de insuficiência cardíaca com
risco de vida.
“Eu ainda lembro de estar sentada, incrédula na ambulância. Nunca
fumei, quase não bebo e não tive nenhum dos sintomas que eu acreditava
que sinalizavam um ataque cardíaco. Meu peito não parecia estar sendo
esmagado”, relembrou.
Logo que chegou ao hospital a situação da paciente era tão grave que
os médicos não sabiam se ela sobreviveria àquela noite. Ela foi então
imediatamente encaminhada à cirurgia para colocar um “stent” – um
pequeno tubo expansível de metal – e três meses depois ela precisou ser
submetida a uma operação ainda maior.
Atualmente, Claire-Marie, que tinha uma vida ativa e
trabalhava como gerente de varejo, está aposentada e fica sem ar e
exausta após tarefas simples como se levantar ou cozinhar. “Não posso
mais andar sozinha, eu dependo de um scooter motorizado. Não consigo
mais subir um lance de escadas. Fico muito brava comigo mesma por não
ter percebido antes os sinais”, contou. Apesar de não fumar e beber pouco, ela tinha diabetes tipo 1, o que aumentou seu risco de ataque cardíaco.
De acordo com a British Heart Foundation, o infarte é a
principal causa de morte nas mulheres britânicas e, como nelas os
sintomas são mais sutis do que nos homens, correm riscos de serem mal
diagnosticadas. Um estudo de 2012 mostrou que 42% das mulheres que
chegaram ao hospital com ataque cardíaco não sentiram dor no peito.
Outro estudo publicado este ano no periódico científico Circulation mostrou que mulheres com ataque
cardíaco tinham maior probabilidade de apresentar sintomas pouco
comuns, como enjoo, vômito, falta de ar e dor nas costas ou na
mandíbula.
Segundo Mike Knapton, diretor médico associado da British Heart Foundation, o caso de Claire-Marie simboliza o quanto essa situação é comum não só entre os pacientes, mas também entre os médicos.
Pesquisadores suecos descobriram que mulheres que sobreviveram a um
infarto relataram ter demorado para ir ao hospital ou para procurar
ajuda médica, frequentemente negligenciando seus sintomas porque queriam
manter suas responsabilidade sociais.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico de um infarto é simples e envolve um
electrocardiograma, que é indolor, e um teste de sangue para medir os
níveis de troponina, uma proteína que pode indicar danos no músculo do
coração, cuja causa mais comum é o ataque cardíaco.
Um estudo publicado recentemente no BMJ concluiu que um novo
exame de sangue ultra sensível à troponina pode ser vital para fazer um
diagnóstico mais preciso em mulheres. Isso porque, em geral, elas
tendem a ter um nível menor da proteína, o que faz com que o exame
tradicional, muitas vezes não identifique a alteração.
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