Líder do governo, Romero Jucá sofreu duas
derrotas políticas na votação do projeto que cria uma nova chance de
regularização de ativos de brasileiros no exterior
Após reviravolta contra o líder do governo, Romero Jucá
(PMDB-RR), o plenário do Senado aprovou o projeto que reabre o programa
de repatriação sem inclusão de parentes de políticos e com rateio com os
Estados das receitas advindas da multa sobre os recursos repatriados.
Agora, os Estados receberão 46% das receitas advindas da multa além de
49% sobre os recursos do Imposto de Renda. A expectativa de arrecadação
desta segunda fase, segundo Jucá, é de R$ 30 bilhões. O projeto segue
agora para a Câmara.
Ponto de maior divergência dentro do governo federal, com a falta
de acordo entre o Ministério da Fazenda e governadores, o projeto
chegou ao plenário sem previsão de repasse de recursos para os Estados.
O líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu que um
acordo verbal entre Fazenda e governadores permitiria o repasse
independentemente do texto do projeto. Mas os demais senadores
preferiram garantir o rateio e explicitaram o porcentual no relatório.
Foi a primeira derrota do líder do governo na noite.
Parentes de políticos. Em seguida, mesmo os
senadores da base do governo se voltaram contra a emenda que permitia
que parentes de políticos em qualquer grau pudessem repatriar.
Muitos consideraram a permissão uma descaracterização do projeto. "Essa é
a emenda Cláudia Cruz", disse o líder do PT, Humberto Costa (PT-PE) em
referência a esposa do deputado cassado Eduardo Cunha.
Jucá, por sua vez, defendeu que é justo que parentes de políticos
que possuem negócios no exterior pudessem legalizar seus recursos. "É
inconcebível que o irmão do traficante Fernandinho Beira-Mar tenha a
possibilidade de repatriar recursos, enquanto o sobrinho do ex-senador
Eduardo Suplicy (PT-SP), não", afirmou. Ele tentou diferentes manobras
até o último minuto da votação, mas ciente de que seria derrota, retirou
ele mesmo o dispositivo do texto.
Prazos. A proposta aprovada é uma retomada do
primeiro projeto de repatriação, porém com algumas modificações. Nessa
versão do programa, o prazo será reaberto por 120 dias após o decorrer
de um mês da publicação da lei. A proposta determina alíquotas de 17,5%
de imposto de renda mais 17,5% de multa sobre o valor repatriado. Na
primeira fase, as alíquotas foram de 15%.
A data de referência também mudou em relação ao primeiro programa
de repatriação. Agora, será possível repatriar recursos comprovados até
30 de julho de 2016. Da mesma forma, vale a cotação do dólar para esta
data, que segundo Jucá era de R$ 3,20. Anteriormente, a referência era
21 de dezembro de 2014.
Isabela Bonfim, Julia Lindner,
O Estado de S.Paulo
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