Do Ceará ao Paraguai: expedição de biólogos busca 10 aves ameaçadas de extinção

Expedição parte de Fortaleza neste sábado (27) e em 80 dias deve chegar à cidade de Puerto Iguazu, no Paraguai.

Por Verônica Prado, G1 CE
Biólogos Caio e Tatiana vão eprcorrer mais de 5 mil km em busca de pássaros raros (Foto: (Foto: Caio Brito/Arquivo pessoal))

Cruzar o Brasil de ponta a ponta em busca de aves ameaçadas de extinção. Com essa missão, os biólogos Caio Brito e Tatiana Pongiluppi vão percorrer, de motocicleta, mais de 5.000 quilômetros entre Fortaleza, no Ceará, e a cidade de Puerto Iguazu, no Paraguai, em busca de 10 espécies em risco de extinção. (veja imagens dos pássaros abaixo)

Em cerca de 80 dias - com saída prevista para este sábado (27) - os dois vão parar nas regiões onde as aves foram vistas a fim de avaliar o estado de conservação dos locais em que elas vivem e descobrir novas áreas onde as espécies possam habitar.

Uma dessas aves é o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), considerada “criticamente ameaçada de extinção” na lista mundial da Save Brasil/BirdLife International. Com cerca de 15 centímetros, a espécie vive em um território restrito na Chapada do Araripe, nos municípios cearenses de Barbalha, Crato e Missão Velha. Destaca-se pelo contraste de plumagem com dorso e peito esbranquiçados, pontas das asas pretas e topete vermelho na cabeça.

Único local de ocorrência do soldadinho-do-araripe, a chapada sofre desmatamento e ocupação desordenada, que põem em risco a sobrevivência da espécie. A presença do soldadinho-do-araripe na natureza está intimamente relacionada com a presença de nascentes, o que o coloca como ótimo indicador da qualidade do meio ambiente, segundo avaliação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Uma das aves pesquisadas, o soldadinho-do-araripe só é encontrada nos municípios cearenses de Barbalha, Crato e Missão Velha (Foto: Caio Brito)

De acordo com Caio Brito, o principal objetivo da expedição é engajar as pessoas na prática de ações positivas para a conservação da natureza. Esta é a primeira expedição brasileira que combina aventura, aves ameaçadas e campanhas de sensibilização para a conservação da natureza, sendo liderada por um ornitólogo e guia de observação de aves e por uma bióloga da conservação e educadora ambiental.
A saíra-apunhalada sé a espécie mais criticamente ameada do Brasil e só é encontrada no Espírito Santo. Passou (Foto: Ciro Albano)

"Infelizmente as medidas tomadas pelas autoridades para mitigar as ameaças não têm sido proporcionais às pressões que as aves ameaçadas sofrem. Esta é a razão pela qual foi escolhida uma expedição com a missão de engajar os brasileiros na proteção dessas aves preciosas e de toda a natureza", explica o biólogo.

Comunidade como 'guardiã'

As comunidades locais serão envolvidas por meio de atividades educativas sobre a importância da preservação das espécies em escolas e outras organizações locais. Os vídeos, fotografias e gravações produzidos pelos biólogos serão enviadas a Save Brasil/BirdLife International - autoridade global responsável por preparar a lista de aves ameaçadas - e ao Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres (Cemave), entidade vinculada ao ICMBio responsável por preparar a lista nacional de aves ameaçadas.

Os biólogos Caio Brito e Tatiana Pongiluppi acreditam na mobilização das comunidades no processso de preservação das espécies ameaçadas e somente com informação, segundo eles, é possível o engajamento, razão pela qual serão ministradas oficinas sobre o assunto.

"A ideia é mostrar aos moradores que a região em que eles vivem representa o único ou um dos únicos locais de ocorrência para algumas espécies e o papel fundamental que eles possuem como guardiões da sobrevivência dessas aves."

De acordo com o Cemave, o Brasil é o país com o maior número de espécies de aves ameaçadas no mundo. São 169 espécies incluídas nesta categoria e algumas delas estão à beira da extinção. É o caso da saíra-apunhalada (Nemosia rourei), a espécie mais criticamente ameaçada do Brasil, com estimativa de apenas cinco indivíduos.

A saíra-apunhalada é ave pequena de cerca de 10 cm que voa muito e vive em bandos no alto das florestas, especialmente na região serrana do Espírito Santo . É conhecida por esse nome porque, além de sua plumagem branca e cinza, tem manchas vermelhas que lembram a da ferida causada por um punhal. A espécie permaneceu desaparecida por mais de 50 anos e já era considerada extinta na natureza por muitos pesquisadores até que, em 1998, foi redescoberta em uma área de floresta no centro-sul do Espírito Santo.
Arte: Gleison Oliveira/G1 (Foto: )

Divulgação dos dados

Além da coleta de dados sobre as espécies e os ambientes, serão obtidas imagens através de vídeos e fotografias, bem como, gravações das vocalizações que serão utilizadas para preparar documentários para cada espécie. Todas as listas de avifauna das localidades serão disponibilizadas na plataforma eBird para que todos tenham acesso aos dados da expedição e possam nos acompanhar. "Além disso, as gravações serão enviadas para o Museu de Nova Iorque, onde existe o maior acervo de sons do mundo", destaca.
Entufado-baiano (Foto: Caio Brito/Arquivo pessoal)
Gavião-do-pescoço-branco (Foto: Ciro Albano/Arquivo pessoal)
Limpa-folha-do-nordeste (Foto: Ciro Albano/arquivo pessoal)
Macuquinho-baiano (Foto: Ciro Albano/Arquivo pessoal)
Pato-mergulhão (Foto: Rafael Bessa/Arquivo pessoal)
Periquito-cara-suja (Foto: Caio Brito/Arquivo pessoal)
Choquinha-de-alagoas (Foto: Ciro Albano/Arquivo pessoal)
Zidedê-do-nordeste (Foto: Ciro Albano/Arquivo pessoal)
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Sobre jaguarverdade

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