Senador Tasso veta apoio a Bolsonaro no palanque da oposição e Capitão Wagner não gostou da imposição.

Capitão Wagner (PR), indicado para disputar o cargo de governador, avalia que essa condição dificultaria a sua eleição, pois parte do seu eleitorado e dos partidos aliados apoiam o deputado federal à presidência
Capitão Wagner voltou a defender o palanque aberto MÁXIMO MOURA/ASSEMBLEIA

O impasse que ainda indefine o nome da oposição que concorrerá ao Governo do Estado passa pela disputa presidencial. Isso porque o senador Tasso Jereissati (PSDB) indicou o nome do deputado estadual Capitão Wagner (PR) para o cargo, mas com uma condição: não pode haver, no seu palanque, apoio a Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL ao Executivo Nacional. A informação é de Fracini Guedes, presidente do PSDB Ceará.

De acordo com Francini, não houve a exigência, por parte da sigla tucana, de que Wagner apoie o candidato do PSDB à presidência — até o momento, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin —, como informou o deputado. O que houve, na verdade, foi um veto ao nome do Bolsonaro.

Sobre o assunto

“Não houve essa condição de palanque fechado, mas o Tasso não concorda com o Bolsonaro. A oposição apoiar outros nomes não seria um problema, o problema seria ter pessoas (no palanque) que apoiam o Bolsonaro”, afirmou. Questionado pelo porquê, Franceni foi sucinto: “Nós achamos que ele não é bom para o País”.

"Grande parte da minha militância voluntária, que são aquelas pessoas que vão para a rua, vestem a camisa (...), é de eleitores do Bolsonaro"

Capitão Wagner (PR), deputado estadual

Para Wagner, no entanto, a proibição do nome de Bolsonaro é que é um problema. “Grande parte da minha militância voluntária, que são aquelas pessoas que vão para a rua, vestem a camisa, seguram a bandeira de graça, até porque não posso pagar, é de eleitores do Bolsonaro”, avalia.

Além do eleitorado, ele acredita que também perderia o apoio de partidos que poderiam apoiá-lo, “como o PHS do (deputado federal) Cabo Sabino, que não abre mão de apoiar o Bolsonaro”. Francini rebate: “Naturalmente, uma grande parte da militância do Wagner apoia o Bolsonaro, mas, por outro lado, quando ele receber o apoio de outros partidos, a militância dele vai aumentar”.

Palanque abertoEmbora repita que não há uma condição de apoio a Alckmin, Francini argumenta que apoio de Wagner ao governador de São Paulo seria natural. “A bandeira dele não será segurança? E qual é o Estado mais seguro do País? São Paulo”.

"A oposição apoiar outros nomes não seria um problema, o problema seria ter pessoas que apoiam o Bolsonaro"
Francini Guedes, presidente estadual do PSDB 

Do outro lado, o deputado estadual evita relacionar o problema apenas ao nome de Bolsonaro e volta a defender o palanque aberto. “Somos um bloco com mais de um candidato a presidente. Nós temos o Henrique Meirelles (PSD), o Geraldo Alckmin (PSDB) e o Bolsonaro (atual PSC). Se nós não acordarmos entre os partidos um palanque aberto, onde cada um pode pedir voto para o seu candidato, nós teremos vários constrangimentos durante a campanha”, argumenta.

Ele lembra que o lado adversário também deve passar por dilema parecido. “No palanque do (governador) Camilo Santana (PT), vai ter gente defendendo o Lula e gente defendendo o Ciro Gomes (PDT), mas eles vão ter que acertar isso antes para evitar constrangimento. É o que também temos que fazer”, defende.

A assessoria de imprensa de Tasso foi procurada, mas não quis comentar o caso.

LETÍCIA ALVES
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