Em janeiro, VEJA revelou que Edinho Silva, da Comunicação Social, pediu dinheiro para a campanha de 2014 e foi informado sobre “doações” oriundas do petrolão
Executivos
da construtora Andrade Gutierrez apresentaram à Procuradoria-Geral da
República uma planilha que mostra pagamento de propina em forma de
doação legal às campanhas da presidente Dilma Rousseff e de seus aliados
em 2010 e 2014, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo
publicada nesta quinta-feira. A informação teria sido detalhada pelo
ex-presidente da empresa Otávio Marques de Azevedo e pelo ex-diretor
Flávio Barra enquanto tentavam fechar acordo de delação premiada com a
procuradoria. A colaboração ainda precisa ser homologada pelo Supremo
Tribunal Federal.
A informação corrobora o que VEJA revelou em janeiro.
Aos procuradores, Otávio Azevedo contou que foi procurado pelo
tesoureiro Edinho Silva, hoje ministro da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República, e por Giles Azevedo, ex-chefe de
gabinete e atual assessor especial de Dilma. Os dois queriam dinheiro,
mais dinheiro, 100 milhões a mais do que a quantia que a empreiteira
havia combinado "doar" à campanha. Para explicar que não podia atender
ao pedido, Azevedo explicou que os "acertos" da Petrobras já haviam sido
repassados. O tesoureiro e o assessor disseram que isso era outra
coisa. Ou seja, Edinho e Giles, ao menos naquele instante, foram
informados sobre a existência de repasses oriundos do petrolão. Não se
surpreenderam ou não se interessaram. Como a pressão continuou, a
Andrade "doou" mais 10 milhões à campanha petista. Em 2014, a campanha
de Dilma recebeu oficialmente 20 milhões de reais da empresa.
Aos procuradores, Azevedo contou que a propina se referia a contratos
do Complexo Petroquímico do Rio, da usina nuclear de Angra 3 e da
hidrelétrica de Belo Monte. O empreiteiro explicou que dividia as
doações em "compromissos com o governo" e a "parte republicana". A
primeira seria a propina e a segunda, a doação espontânea prevista na
legislação eleitoral. A tabela entregue à PGR ainda cita doações para o
Diretório Nacional do PT nas eleições municipais de 2012, além dos
pleitos de 2010 e 2014.
Em nota, o coordenador jurídico da campanha da presidente Dilma,
Flavio Caetano, negou qualquer irregularidade nas doações feitas à
petista. "Toda a arrecadação da campanha da presidente de 2014 foi feita
de acordo com a legislação eleitoral em vigor. Em nenhum momento, nos
diálogos mantidos com o tesoureiro da campanha sobre doações eleitorais,
o representante da Andrade Gutierrez mencionou obras ou contratos da
referida empresa com o governo federal", escreveu o coordenador.
Ele também lembrou que o candidato adversário recebeu mais da Andrade
Gutierrez do que a presidente. A campanha de Aécio Neves (PSDB) ganhou
200.000 a mais do que a de Dilma, em 2014. Os delatores, no entanto, não
citaram o tucano em seus depoimentos.
A defesa da Andrade não se pronunciou sobre o caso.
Fonte: Veja. abril.com.br
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