O documento não atribui aos políticos citados nenhuma irregularidade, apenas lista os contatos (Foto: André Dusek/ Estadão)
O ex-presidente Lula (PT), o deputado federal Paulo Maluf (PP), o
ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) e o governador de São Paulo
Geraldo Alckmin (PSDB) são alguns políticos que aparecem na lista de 80
contatos encontrados em um HD da Queiroz Galvão, última grande
empreiteira do cartel que supostamente fraudava licitações da Petrobrás a
ter seus executivos presos pela Operação Lava Jato.
A agenda da Queiroz Galvão foi anexada a um relatório da Polícia
Federal. O documento não atribui aos políticos citados nenhuma
irregularidade, apenas lista os contatos, que incluem um “doleiro”
identificado como Alexandre Farto.
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A relação indica o amplo espectro político de contatos que a
empreiteira mantinha com o então presidente da República de 2003 a 2010,
com senadores, deputados estaduais e federais, vereadores de São Paulo e
ministros e ex-ministros.
Não é a primeira vez que a Lava Jato depara com nomes e contatos de
políticos em computadores das grandes empreiteiras. Desde seu início, em
2014, a operação identificou muitos contatos, trocas de mensagens de
celular e de e-mails entre executivos da cúpula das maiores construtoras
do País com políticos, assessores e funcionários públicos.
Os dados que estavam na sede da Queiroz Galvão foram entregues por
advogados da empresa às autoridades em cumprimento aos mandados de busca
da 7ª etapa da operação, batizada Juízo Final, desdobramento da Lava
Jato deflagrada em novembro de 2014 e que levou os principais
empreiteiros do País para a cadeia. Em depoimento à Polícia Federal na
última sexta-feira, 12, porém, os executivos da Queiroz ficaram em
silêncio.
Da lista de contatos consta inclusive nomes já investigados, como o
empresário Carlos Roberto Cortegoso, dono da Focal Confecção e
Comunicação Visual – segunda maior fornecedora da campanha de 2014 da
presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Na semana passada ele virou réu
na Justiça Federal em São Paulo acusado de lavar R$ 309 mil do esquema
que desviou dinheiro de empréstimos consignados de servidores públicos
alvo da Operação Custo Brasil.
O ex-senador Delcídio Amaral – que chegou a ser preso em 25 de
novembro, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato e
acabou fazendo um acordo de delação premiada – e o ex-ministro do
Planejamento Paulo Bernardo (PT), réu na Custo Brasil acusado de liderar
o esquema de desvio de dinheiro de créditos consignados no Ministério
do Planejamento, aparecem entre os contatos.
Na agenda da empreiteira também há espaço para outro nome emblemático
da história recente de escândalos, alvo de investigações no Brasil e no
exterior, o conselheiro afastado do Tribunal de Contas de São Paulo
Robson Marinho – acusado de receber propina no caso Alstom, esquema de
pagamentos da multinacional francesa em obras do setor energético no
governo de São Paulo.
Em alguns casos, a lista de uma das maiores empresas do País inclui
até telefones pessoais (como o de Delcídio e de Robson Marinho), nomes
de familiares e endereço da residência dos políticos. Na maioria dos
casos, porém, são identificados apenas os contatos dos assessores e
mesmo os telefones oficiais dos gabinetes de vereadores da Câmara
Municipal de São Paulo, de deputados federais e de ministérios do
governo Lula. Há ainda os contatos do atual gabinete do secretário de
Governo do Estado de São Paulo Saulo de Castro, que foi chefe da Casa
Civil do governo paulista até o ano passado. Apesar de constar na agenda
como sendo da Casa Civil, em referência ao cargo antigo, dentre os três
telefones que aparecem na agenda está o do atual gabinete do
secretário. Procurada, a assessoria do governo de São Paulo não se
manifestou.
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Em outras ocasiões em que a Lava Jato encontrou referências a
políticos com os executivos das grandes empreiteiras a
Procuradoria-Geral da República chegou a abrir investigação. Um dos
casos que chamou a atenção dos investigadores, por exemplo, foram as
trocas de mensagens do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro com políticos,
entre eles o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), deram
origem a investigações sobre o lobby de grandes empresários no
Congresso.
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