Ele revela detalhes de sua trajetória até o Domingo Show, da Record TV, impulsionado pela infância miserável ao lado da falecida mãe
Por Fabrício Pellegrino | Fotos Rogério Pallatta
Na contramão
de estrelas que calculam cada palavra do que falam, o apresentador do Domingo Show, da Record TV, Geraldo Luis,
46 anos, solta o verbo sem medo. Espontâneo, conta em detalhes suas
tragédias, como o passado difícil ao lado da mãe, Olga, que morreu aos
68 anos, em 2007. Juntos, passaram fome e moraram no fundo de um
prostíbulo de Limeira, interior de São Paulo. Do drama ele vai à comédia
com o mesmo despudor e revela, por exemplo, que coleciona meias
coloridas e, garante, as mantêm até mesmo durante o sexo. Pai de João
Pedro, 16, o animador, que há dois anos e meio comanda a atração
dominical das 11h às 15h30, recebeu a CONTIGO!
na casa que divide com o filho, em um condomínio fechado da capital
paulista, para contar suas histórias cheias de reviravoltas. Entre elas,
a punição em forma de afastamento que sofreu da emissora em abril desse
ano e, mais recentemente, uma suposta briga com o canal por ter se
recusado a assumir um programa diário. Prepare-se para se surpreender
com esta sincera conversa, relatada abaixo!
NATAL SEM PAI
“No dia 24 de dezembro de 1973, o meu pai foi comprar cigarro e sumiu.
Eu tinha 4 anos. À procura dele, minha mãe passou a véspera do Natal em
hospitais, delegacias e cemitérios. Depois de duas semanas, soubemos que
ele tinha ido morar com outra mulher.”
UM PROSTÍBULO COMO LAR
“Por um tempo, eu e minha mãe moramos de favor na casa dos outros. Ela
sempre trabalhou como faxineira ou lavando roupa para fora. Quando eu
tinha 15 anos, fomos para o fundo de um prostíbulo onde dividíamos um
banheiro com prostitutas e travestis. Sonhávamos com um banheiro
próprio.”
Na sala de estar, ele mostra orgulhoso a câmera que faz parte do seu acervo de antiguidades
EMPREGO NO IML “A
área em que eu morava em Limeira era comandada pelo tráfico. Ocorriam
tantos crimes naquela região que, quando a perícia chegava para recolher
os corpos, eu achava o trabalho realizado por eles tão bonito que os
admirava. Um dia, o chefe do IML me levou para ver uma necropsia. Quase
desmaiei. E, mais para frente, lá se tornou meu lugar de trabalho:
comecei a lavar os corpos dos mortos.”
ESTREIA NA RÁDIO “Certo
dia, o repórter policial Rubens Pinheiros Alves entrou no IML enquanto
eu lavava o corpo de uma menina. Pedi para não fotografar. Ele achou
minha voz boa e me chamou para ir à rádio. Depois de um teste, me
convidou para trabalhar lá. Minha mãe soube do emprego duas semanas
depois. Ela me deu um tapa na cara e disse: ‘Se os bandidos descobrirem
que é repórter policial vão matar nós dois. Isso é coisa de vagabundo!
Vai trabalhar!” Ela foi até o Rubens e o proibiu de me manter no
emprego. Eu disse a ele para não me demitir, pois aquela era a chance da
minha vida. Fiquei na rádio por 22 anos.”
CONTRATO NA RECORD TV “Pelo
sucesso na rádio, me convidaram para fazer um programa na TV
comunitária. Era policial, sangue total. Em 2007, a Record me chamou
para um teste, em São Paulo, para o Balanço Geral. Era tudo o que eu
sonhei e só pensava que não podia errar. Assinei o contrato no mesmo
dia. Liguei para Mirela, minha ex-esposa, e avisei que largaria tudo e
todos. Em Limeira, o meu salário era de 2 mil reais, mas eu vendia muita
publicidade e os ganhos iam para 60 mil. Quando assinei com a Record
TV, eles ofereceram 20 mil reais.”
A MORTE DA MÃE
“O Balanço Geral estreou no dia 7 de dezembro de 2007. No dia 8, minha
mãe morreu. Ela só viu uma edição. Ficou feliz e me perguntou quando
iria buscá-la. Eu disse que, primeiro, tinha que dar certo. Ela fumava
muito, estava com problema no coração e não resistiu a uma cirurgia.
Quando ela morreu, senti tudo, menos a dor da morte dela, porque, pelo
meu lado espiritual, pelo ser de luz que ela era, a morte nunca existiu.
A dor do impacto, sim, eu senti. Doeu mais, depois de anos, ver meu pai
entrar no cemitério e sair sem me cumprimentar, pois minha mãe estava
viva em mim.”
Geraldo divide a casa em que mora com o único filho, João Pedro, fruto do seu casamento, que durou 14 anos
ÓDIO DO PAI “Cheguei
a ter contato com o meu pai antes de minha mãe partir e também o ajudei
financeiramente. Ele morreu há um ano e meio. O odiei durante muitos
anos. Ele casou outras quatro vezes, teve sete ou oito filhos, mas o
odiei não por ter me abandonado, mas pelo sofrimento que causou à minha
mãe. Somente depois de adulto, entendi uma série de coisas e então o
perdoei. Ele foi embora tranquilo, assim como eu também fiquei
tranquilo.”
FOME E ROUBO
“Tem gente que passou fome, mas eu e minha mãe passamos humilhações por
causa de comida durante três anos e meio. A gente pedia comida, minha
mãe roubava em mercado. Prometi a ela e consegui, em vida, fundar a Casa
da Sopa, em Limeira, que distribuía 4 mil refeições por mês aos
moradores de rua. Eles ainda eram atendidos por terapeutas, assistentes
sociais… Mantinha tudo sozinho. Fechei após sete anos porque recebi um
aviso espiritual dizendo que a missão estava concluída. Quero abri-la em
um lugar muito miserável no Nordeste. Hoje, cuido de cinco hospitais e
asilos.”
AFASTAMENTO DA TV “Neste ano, quando fiquei fora do ar, não tive medo
(em abril, o apresentador reclamou ao vivo de um corte feito em uma
matéria exibida em seu programa e foi afastado da emissora por um mês).
Acredito que nada é por acaso. Respeitei e entendi a punição. Sou um
empregado e faço o meu melhor. Quem se deixa fisgar pelo ego, sofre.
Quando fui afastado, fiz o que faço de melhor: cuidar da minha família,
ficar com meu filho e esperar que o melhor acontecesse. A Record TV viu
que não agi por maldade, que não afrontei ninguém e, inclusive por isso,
renovamos o meu contrato por quatro anos.”
BRIGA NA RECORD? “Quando a emissora me convidou para apresentar um programa diário, fiquei honrado. Eu me lembrei dos tempos em que pedia emprego na Globo e na Record TV. Mas existe uma questão racional: o meu filho. Moramos apenas nós dois. Ser pai solteiro, hoje, é mais complicado do que ser mãe solteira, pois o João depende de mim para tudo. A forma com que eu teria que me dedicar ao programa diário seria até três vezes maior do que a que eu me dedico ao Domingo Show. E aí saiu na internet que briguei com a Record TV. Dei muita risada. Não teve discussão nem ameaça de rompimento de contrato. E também não fui sondado por outras emissoras como disseram.”
O apresentador tem uma vinícola na casa onde mora, na capital paulista
ESTRATÉGIA DE CONQUISTA
“Com o primeiro salário bom que ganhei, decidi ir a Jerusalém (Israel)
para agradecer. Na agência de viagem, eu me apaixonei pela moça da
recepção, a Mirela. Fui até ela e disse: ‘Você é linda!’ Ela respondeu:
‘Meu noivo também acha’. Tirei a aliança do dedo dela e emendei: ‘Avisa a
ele que você será minha’. Resolvi estragar o romance dela provocando
ciúme no noivo. Pendurei uma faixa na frente da agência em que estava
escrito: ‘Mirela, te amo, você é linda. Me dá uma chance’. Quando o
cidadão foi levá-la ao trabalho, começou o inferno (risos).
Era setembro e eles se casariam em novembro. No dia da minha viagem,
pedi que entregassem flores a ela de hora em hora. Na volta de
Jerusalém, ela me procurou e disse que acabei com o noivado dela.
Começamos a namorar na porta do IML. Ficamos 14 anos juntos. Foi um
tesão durante 13 anos. No último ano, murchou como bexiga. Hoje ela está
morando com esse cara e são felizes. Se ele não me odiasse, eu seria
padrinho do casamento deles.”
MULHERES E SOLIDÃO
“Tive dois rolos, um quase fatal, quase tomei um tombo. Tem muito
golpe. Agora criei juízo… Às vezes, me sinto sozinho. Sou um cara
enjoado e seletivo para mulher. Sou muito de pele, passional. Como posso
colocar dentro de casa, como já aconteceu, uma mulher que vai maltratar
o meu filho? Quero uma companheira bacana, mas não estou com pressa. Só
tenho medo porque quero ter uma filha. Já cheguei a pensar em barriga
de aluguel e adoção várias vezes. Para nós que trabalhamos em TV é mais
difícil, as mulheres chegam armadas. Não quero uma bunda, um peito de
silicone… Por mim, ela pode ser uma operadora de caixa que não há
problema algum.”
SEXO E MEIAS “O IML é um ambiente gelado e sempre andei descalço. Depois de pegar uma gripe forte, comecei a ir para lá de chinelo e meia. Aí, fazia tudo de meia: dormia, fazia amor… e colecionar meia. Eu tenho até meias com desenhos eróticos (risos).”
Fã de meias coloridas, o apresentador mostra parte de sua coleção. A paixão pela peça começou quando trabalhava no IML e precisava se proteger do ambiente gelado
PRIMEIRA VEZ NA CAMA “Eu
não perdi a minha virgindade no prostíbulo em que eu morava, porque a
minha mãe lavava roupa para as prostitutas de lá e a cafetina proibiu
todo mundo de mexer comigo. Existia muito respeito. E outra: eu tinha
medo de mulher. Perdi a virgindade quando já tinha 21 anos. Um primo me
forçou e me levou para uma zona em São Paulo. Foi a minha única vez em
um prostíbulo e foi péssimo, pois tudo que é forçado não é bom. Sexo,
para mim, não era necessidade.”
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