Solange Almeida coloca chip hormonal que deixaria “tesão lá em cima”: é verdade?
ESCRITO POR GIOVANNA MAZZEO
THIAGO DURAN/AGNEWS
A cantora Solange Almeida é a mais nova famosa a aderir ao “chip da beleza”, mesmo método anticoncepcional utilizado por Marquezine, Babi Rossi e outras. Trata-se de um tubinho de silicone de 4 a 5 cm de comprimento que carrega 50 mg de hormônios, sendo que a combinação dos compostos pode variar para cada paciente.
O bastonete é colocado sob a pele na região dos glúteos, em um procedimento que demora cerca de 10 minutos feito com anestesia local.
Implante hormonal: como funciona?
Com o objetivo primário de impedir a gravidez e parar a menstruação, o implante libera hormônios continuamente no corpo da mulher e pode ter duração de três meses a um ano.
Porém, são as ações secundárias que mais atraem as consumidoras: graças à presença do hormônio testosterona, o implante contribui para a construção de massa muscular, emagrecimento e redução da celulite (por isso, também é conhecido como "chip da dieta").
O método provocaria, ainda, um terceiro efeito colateral muito interessante às mulheres: a melhora do desejo sexual.
MICHAEL KRAUS/SHUTTERSTOCK
Aumenta a libido mesmo?
Após colocar o implante, a cantora, que dividiu a novidade com os seguidores através do InstaStories, questionou o médico: "E o tesão, vai lá para cima?"
A curiosidade é muito comum entre as mulheres que aderem ao chip. Segundo o ginecologista especialista em reprodução humana Rodrigo da Rosa Filho, a mudança na excitação feminina realmente ocorre.
Isto se dá também devido aos hormônios androgênios, como a testosterona, que são os responsáveis pelo aumento do desejo sexual no ser humano.
“No chip da beleza é colocado gestrinona, um princípio ativo que aumenta a testosterona. É por isso que ocorre aumento da libido, da massa muscular, diminuição da celulite, etc. Tudo isto são características dos hormônios masculinos”, explica Rosa Filho.
TONY BOWLER
Efeitos indesejáveis
Por outro lado, o aumento na produção de testosterona pode trazer efeitos colaterais desagradáveis, como o aparecimento de acne, aumento de pelos e até engrossamento da voz.
“Logicamente que vai depender muito da quantidade de hormônio que é colocado no chip e do organismo de cada mulher, podendo o implante ser mais benéfico para algumas e apresentar mais efeitos colaterais para outras. O ideal é avaliar o contexto”, opina o especialista.
Quem pode colocar?
Apesar dos benefícios que têm atraído cada vez mais mulheres, Rosa Filho ressalta que, antes de indicar o “chip” exclusivamente para aumentar a libido, o ideal é que o médico tente identificar as causas da falta de desejo sexual, já que nem sempre o problema é hormonal.
“O chip pode ser usado para aumentar a libido, mas antes temos que avaliar os fatores que podem estar levando a pessoa a ter esta queda na excitação. Pode ser falta de sono, estresse, problemas no relacionamento conjugal. É uma questão muito mais complexa do que somente aumentar o hormônio”, explica o ginecologista ao ressaltar que a diminuição do desejo sexual geralmente é um problema multifatorial.
Polêmicas envolvendo o “chip da beleza”
O gestrinona, princípio ativo presente no implante hormonal e responsável pelo aumento da testosterona, não é uma substância registrada na ANVISA. Ou seja, nenhum fabricante comprovou ao órgão regulador a segurança e eficácia da substância e, por isso, ela ainda não tem um registro válido para ser fabricada no Brasil.
De acordo com a ginecologista e obstetra Maria Elisa Noriler, do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha (São Paulo), a prescrição de testosterona às mulheres não é respaldada por instituições médicas, como o Conselho Regional de Medicinal (CRM), porque a eficácia e segurança desta medicação ainda não foi comprovada para mulheres que ainda não chegaram à menopausa, que é quando costuma acontecer uma queda brusca deste hormônio.
Além disso, o CRM não indica a colocação de implantes hormonais com finalidade estética, como algumas mulheres têm feito.
Por enquanto, o “chip da beleza” não é fabricado por nenhuma indústria farmacêutica. O implante só é produzido sob encomenda em farmácias de manipulação e com pedido médico.
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