Uma ação popular movida nesta semana na Justiça Federal em São
Paulo pede a anulação imediata dos benefícios concedidos ao presidente
afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela Mesa
Diretora da Casa. Atualmente, o peemedebista está com o mandato suspenso
devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, mas, por decisão da
Câmara, manteve direito à residência oficial, a seguranças da Casa,
carro oficial, avião da FAB e até assistência médica.
Movida pelo advogado Ricardo Amin Nacle, a ação aponta que "não há o
menor sentido jurídico" em manter os benefícios de presidente da Casa ao
parlamentar afastado e que a presunção de inocência, já que Cunha não
foi condenado, não pode levar à "situação de escárnio da sociedade
brasileira".
"Os princípios da presunção da inocência e da irredutibilidade dos
vencimentos não podem ser levados a dimensões que conduzam ao absurdo
jurídico, a situação de escárnio da sociedade brasileira, como na
hipótese do ato impugnado", diz o advogado na ação.
Para Nacle, a concessão dos benefícios vai na contramão do que
deveriam ser os objetivos do Estado. "Isso, por óbvio, constitui um
conjunto de regalias manifestamente incompatível com um Estado cujo
dever é o de prezar pela probidade administrativa e pela economicidade
dos seus gastos".
A ação foi protocolada na segunda-feira, 16, e o pedido será
analisado pela 6ª Vara Cível da Justiça Federal em São Paulo. Os
benefícios foram concedidos por decisão da Mesa Diretora da Câmara uma
semana após o Supremo Tribunal Federal determinar a suspensão do mandato
parlamentar de Cunha. Ficou decidido que Cunha terá o mesmo tratamento
dado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), à presidente
afastada no último dia 12, Dilma Rousseff.
O ato da presidência estabelece que Cunha terá direito também a
salário integral de R$ 33.763,00 e verba de gabinete. Diferente da
petista, afastada temporariamente devido ao processo de impeachment
contra ela aberto pelo Senado, Cunha perdeu o cargo e está com o mandato
suspenso por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal.
No dia 5 de maio a Corte determinou a punição ao peemedebista ao
analisar um pedido feito pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot, que acusava Cunha de usar o cargo para prejudicar as
investigações da Lava Jato e o processo de cassação contra ele na
Câmara.
Fonte: Agência o Estado (AE)
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