Em ato de defesa de seu mandato, Dilma diz que não fizeram com ela o que fizeram com Getúlio
Força. Dilma Rousseff disse que não renunciou porque “hoje existe espaço democrático” no país
Brasília.
Às vésperas de ir ao Senado apresentar sua defesa contra o impeachment,
a presidente afastada Dilma Rousseff participou ontem de um ato em
defesa de seu mandato em Brasília. Anteontem à noite, em outro evento
semelhante, em São Paulo, ela afirmou que, graças à democracia, não foi
obrigada a se suicidar, “como obrigaram Getúlio”, em referência ao
ex-presidente Getúlio Vargas, que, em 1954, suicidou-se sob pressão para
renunciar ao cargo.
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“Não
renunciei porque hoje temos espaço democrático. Eles não me obrigaram a
me suicidar, como obrigaram o Getúlio, e não fui obrigada a pegar um
avião e ir para o Uruguai como fizeram com o Jango (o também
ex-presidente João Goulart)”, disse Dilma em ato organizado pela Frente
Brasil Popular, que reúne movimentos de esquerda, na Casa de Portugal,
em São Paulo.
Evitando
discurso de vitória no Senado e afirmando que o processo de impeachment
tem sido muito duro para ela, a petista disse que essa luta não tem
data para terminar, já que a maior vitória desse período foi o
aprendizado de que a democracia não está garantida.
Dilma
voltou a comparar o presidente interino Michel Temer e seu entorno a
parasitas, dizendo que, se que a democracia fosse uma árvore, o “golpe
parlamentar” seria como um ataque de parasitas, que assumem lentamente o
controle da planta.
A
presidente afastada afirmou que não vai ao Senado na próxima
segunda-feira por causa de seus “belos olhos”, mas sim porque acredita
na democracia. Dilma também disse que lutou contra a tortura, contra um
câncer e agora vai lutar em qualquer disputa. Sem citar Temer e
referindo-se aos senadores que decidirão seu futuro político, ela disse
que quando não se é capaz de passar pelo crivo do voto de um colégio
eleitoral com 110 milhões de pessoas, se substitui esse colégio por 81
pessoas.
Dilma
fez duras críticas à política econômica do governo interino, tendo como
alvo principal a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que vincula o
crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior durante um
período de 20 anos. “Alguém votou para que os gastos com Saúde e
Educação fossem congelados por 20 anos? Não votamos”, disse.
Dilma
também disse que é preciso ter “muita preocupação” com a flexibilização
das leis trabalhistas, citando como exemplo a questão das horas extras.
“É a forma pela qual eles querem ampliar a jornada de hora extra sem
pagar 50% e 100% que a lei prevê, respectivamente na semana e no mês”,
disse. “Isso é o que eles chamam de medidas antipopulares. Eles
acreditam que vão sair da crise tendo uma posição contrária ao povo”,
discursou.
A
petista também criticou a proposta de desvincular o salário mínimo da
Previdência e disse que o governo quer fazer uma “grande privatização
das riquezas do país”.
Rodovias
Bloqueio. O
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e movimentos de esquerda
planejam bloquear “grandes rodovias e avenidas” de São Paulo no dia da
votação final do processo.
EUA
Artistas se unem contra afastamento
Washington,
EUA. Um grupo de artistas e intelectuais estrangeiros divulgou ontem
uma carta de protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff, unindo-se a
outras iniciativas recentes nos Estados Unidos de apoio público à
presidente afastada. A lista dos 22 signatários reúne nomes como o ator
Viggo Mortensen, de “O Senhor dos Anéis”, o músico Brian Eno, o cantor
Harry Belafonte e o cineasta Oliver Stone.
O
texto afirma que a base jurídica para o afastamento de Dilma “é
amplamente questionável” e que há “evidências convincentes” de que a
principal motivação dos patrocinadores do impeachment foi abafar
investigações de corrupção nas quais estão envolvidos.
O
abaixo-assinado segue manifestações semelhantes, como a carta endossada
em julho por 43 membros da Câmara dos Deputados e um comunicado do
senador Bernie Sanders, no início do mês.
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