Bruno Rizzato
“Engomar mamas” é o termo usado para a terrível prática de achatamento
de seios de garotas em desenvolvimento com a justificativa de
protegê-las de estupro e assédio sexual. A prática, atualmente, acomete
3,8 milhões de mulheres ao redor do mundo, de acordo com um relatório
da ONU.
O processo utiliza grandes pedras, um martelo ou uma espátula,
aquecidos em brasa para comprimir ou mutilar o tecido mamário, tentando
tornar as adolescentes menos 'femininas'.
A prática é comum em Camarões, Nigéria e África do Sul, com a mãe da
menina sendo a agressora em 58% dos casos, de acordo com o Departamento
de Serviços de Saúde Pública.
A lógica é impedir o desenvolvimento dos seios de meninas entre 11 e 15
anos, na crença de que uma aparência infantil irá desencorajar a
atenção masculina indesejada e a gravidez antes do casamento. A mãe,
muitas vezes, garante o ritual removendo sinais de puberdade para que
ela foque nos estudos em vez de ser vista como “pronta para o
casamento”.
Apesar
da prática ser muito parecida com a MGF (mutilação genital feminina),
engomar mama é amplamente considerada como apenas mais uma forma de
abuso oculto. “Destruir
seios de uma mulher ou meninas desta forma pode levar de alguns dias a
algumas semanas. As palavras "cultura", "tradição" ou "religião" podem
aparecer na tentativa de explicar esta prática absurdamente
prejudicial, mas, assim como no caso da MGF, estas palavras são apenas
meras desculpas veladas. É um absurdo que seus corpos não sejam
considerados seguros em seus estados naturais”, disse a escritora Leyla Hussein.
A instituição Women's and Girl's Development Organisation (Cawogido),
de Londres, na Inglaterra, trabalha com a polícia, os serviços sociais,
de saúde e escolas para aumentar a consciência sobre a prática de
engomar seios no Reino Unido e na República dos Camarões. Seu site
afirma: “Engomar a mama é um segredo bem guardado entre a menina e
sua mãe. Muitas vezes, o pai permanece completamente desinformado. A
menina acredita que o que sua mãe está fazendo é para seu próprio bem e
ela se mantém em silêncio. Este silêncio perpetua o fenômeno e todas
as suas consequências”.
Ao
mesmo tempo que a prática previne o desenvolvimento, também expõe as
meninas a inúmeros problemas de saúde, como câncer, abscessos, coceira,
infecção e assimetria das mamas. As meninas também são propensas a
experimentar cistos mamários, febre alta, danos nos tecidos e até mesmo
o desaparecimento completo de um ou ambos os seios. A prática também é
inútil para deter a atividade sexual. Em vez de usar pedras ou
implementos de tortura, como martelos, famílias ricas preferem usar um
cinto elástico para pressionar os pequenos seios e assim impedi-los de
crescer.
Embora a conscientização da MGF esteja em alta no Reino Unido,
ativistas alertam que ainda há muitas outras formas de violência sexual
contra as mulheres sendo usadas em todo o mundo. Até agora não houve
nenhuma ação penal contra a “engomação” de mama, mas com o aumento da
sensibilização, há mais pressão para ações dos governos. A organização
londrina acrescentou: “As adolescentes mutiladas ficam
traumatizadas. Este é um dano grave não só sobre a sua integridade
física, mas também sobre o seu bem-estar social e psicológico. Nós
temos que parar com isso”.
Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Daily Mail
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