Apesar de pouco conhecida, uma prática bárbara deixa veados trancados
em uma câmara de tortura brutal, onde são amarrados e têm seus chifres
arrancados.
O objetivo é recolher o sangue proveniente do local para fazer
tratamentos que têm a fama de melhorar o desempenho sexual de homens de
meia-idade, como um “Viagra natural”.
Um ensaio chocante mostra o terror e a angústia dos cervos vermelhos da
Sibéria, enquanto perdem seus chifres por uma serra elétrica, usada
sem anestésicos. Russos de ambos os sexos procuram pelos banhos de
sangue em fazendas onde os veados são criados, nas remotas Montanhas de
Altai, convencidos de que pode ser um poderoso elixir de testosterona.
O chifres e o sangue são exportados para a Coreia do Sul e outros
países asiáticos para uso em uma variedade de remédios tradicionais,
mas especialmente para aumentar a libido em homens de meia-idade e
idosos. O sangue dos cervos também é usado para remédios que pretendem
abrandar o processo de envelhecimento em mulheres.
“As
imagens perturbadoras mostram como os animais são levados para uma
câmara de corte especial, com o veado suspenso, sua cabeça colocada
numa superfície – como se estivesse condenado à guilhotina –, incapazes
de tocar o chão”,
relatou o jornal The Siberian Times, que divulgou as imagens. Os
jornalistas que fizeram os registros disseram que as criaturas estavam "perplexas e em estado de choque, com os olhos esbugalhados de medo''.
As imagens mostram quatro ou cinco homens dentro da câmara de corte,
xingando em voz alta, falando palavrões, evidentemente, para intimidar o
animal no procedimento. O corte é longo, feito em segundos, mas o
gemido aflito e o grito define o terrível processo em andamento.
Uma incisão é feita na veia jugular do veado para remover três litros
do sangue. Um pó de coagulação e argila são passados nas feridas
abertas para parar o sangramento, enquanto os chifres são aquecidos e
refrigerados, mergulhados dentro e fora de água quente, em um processo
secular para preservá-los para exportação em mercados tradicionais.
Os
chifres crescem novamente, e um ano depois o veado passará pelo mesmo
calvário, mais uma vez. Irina Novozhilova, presidente do Centro de
Proteção Animal Russo de Vita, disse: “É
uma operação dolorosa para um animal, e a dor é necessária para eles.
Fazer isso regularmente, sem anestesia, como nessas fazendas de criação
de animais para fins de remoção do chifre, soa totalmente anormal para
mim. Parece bárbaro. E olhe para esses banhos de sangue. Isso é
manipular a natureza, sem qualquer sentido. É um exemplo puro de uma
atitude cruel com os animais”. Ela sugeriu que o processo é medieval, afirmando: “É
estranho que estejamos discutindo essa questão no século 21, porque a
fé na eficácia desse medicamento vem de tempos antigos. Nos tempos
medievais pessoas também acreditavam nas substâncias curativas”.
De acordo com ela, o sangue proveniente do chifre do animal não possui quaisquer vantagens médicas. "Isso
é apenas um exemplo de um placebo. As pessoas preferem tais farsas
porque é muito mais fácil usá-los do que viver um estilo de vida
saudável”, disse.
Na fazenda Novotalitskoye, ao sul da maior cidade da Sibéria,
Novosibirsk, cerca de 4 mil veados vermelhos (maral), incluindo 2 mil
cervos, são criados especialmente para servir a essa indústria.
Anualmente cerca de 3 mil galhadas especialmente preservadas são
exportadas, principalmente para a Coreia do Sul.
No passado, os caçadores mataram praticamente toda a espécie maral,
levando-a à extinção em Altai. Agora, os chifres são vistos como um
recurso "renovável". Um bom veado irá produzir novas galhadas por 15
anos ou mais. No site da fazenda, é possível ler: “Extrato de
chifres de veado vermelho age como um tônico forte, especialmente para a
potência masculina. Fortalece os ossos do corpo, músculos, dentes,
olhos e audição, cura pleurisia, pneumonia, asma, dores nas
articulações, osteoporose e problemas com a coluna”.
Larisa
Pastukhova, de 44 anos, é dona de uma casa de hóspedes que oferece
banhos de sangue aos turistas. Ela é inflexível sobre os benefícios de
saúde dos banhos. "Você
se sente eufórico após o primeiro banho, como se estivesse voando.
Depois de um segundo banho, sintomas de algumas doenças crônicas ficam
mais fortes, para depois serem curados”, disse ela. Também afirmou que as mulheres jovens dizem que sua pele e cabelo ficam aveludados após os banhos.
Anna Filipova, chefe de programas do Fundo Internacional do Bem-Estar
Animal Russo (IFAW), é uma crítica ferrenha às práticas. “Nossa
civilização está se desenvolvendo, gradualmente se tornando mais
humana. Por exemplo, a pena de morte já foi pública, como um
entretenimento para as pessoas, mas atualmente é algo escandaloso mesmo
para se pensar. No entanto, a crueldade com os animais ainda está
aqui. Especialmente na Rússia, a ideia de humanidade com os animais
ainda não é muito popular. É por isso que essas explorações ainda
existem. Esses produtos são fornecidos a mercados asiáticos e outros,
mas o problema de matar animais é traumatizante e permanece em nosso
território”, relatou. Os produtos fabricados feitos de sangue de
veados e seus chifres são vendidos por farmácias tradicionais em toda a
Ásia.
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