É difícil acreditar que existem pessoas neste mundo que não sabem sobre a internet ou sobre telefones celulares.
Porém, ainda existem tribos que estão completamente à parte da
civilização global e não mantêm qualquer tipo de contato com o mundo
exterior.
Com quase 60 mil anos de idade, a Ilha Sentinela do Norte é uma parte
das ilhas de Andaman e Nicobar, que fica no Oceano Índico, entre Mianmar
e Indonésia. Lá, é o local onde existe uma das tribos mais isoladas do
planeta.
Os sentinelenses são tão hostis ao contato externo que a ilha foi
considerada o lugar mais difícil para se visitar no mundo. Os
sentinelenses parecem ser descendentes diretos dos primeiros seres
humanos que surgiram a partir da África. A quantidade de habitantes
ainda não pode ser certificada, mas estima-se que ela gire em torno de
40 e 500 nativos.
No momento em que o tsunami desastroso atingiu o Oceano Índico, um
grupo de socorristas ofereceu ajuda para os sentinelenses, por meio de
um helicóptero da marinha indiana. Eles queriam encontrar e ajudar os
sobreviventes, embora as chances fossem pequenas. Tentaram descer
pacotes de comida para o chão, mas foram recebidos com a hostilidade dos
moradores, inclusive um guerreiro sentinelense emergiu da selva densa e
atirou uma flecha tentando atingir o helicóptero.
Não se sabe muito sobre esse povo tribal: a sua linguagem é estranha e
seus hábitos desconhecidos. Suas moradias estão escondidas na mata
fechada, por isso não se tem nenhuma pista sobre como eles vivem. Tudo o
que se sabe é que os sentinelenses são caçadores e coletores, pois eles
não cultivam nada, a princípio. Eles vivem de frutas, peixes,
tubérculos, porcos selvagens, lagartos e mel.
A
Índia tem a soberania sobre Sentinela do Norte, mas acredita-se que as
pessoas dessa ilha sequer sabem o que é a Índia. Depois de várias
tentativas fracassadas de fazer contato amigável, o governo indiano
finalmente se afastou e fez com que todas as visitas à ilha fossem
proibidas. A Marinha da Índia impôs uma zona de proteção de 3 milhas
para manter os turistas, exploradores e outros intrometidos à distância.
Encontros acidentais ainda ocorrem e nenhum deles termina bem.
Há várias histórias de horror de como os sentinelenses têm tratado seus
convidados: a maioria das pessoas retorna da ilha aterrorizada e
ferida. Em 1896, um fugitivo das prisões britânicas da Andamans ficou à
deriva no mar e acabou indo para as margens da ilha por acidente. Poucos
dias depois, um grupo de busca encontrou o seu corpo em uma praia,
perfurado por flechas e com a garganta cortada. Em 1974, um grupo foi
até lá para fazer um documentário e o diretor do filme acabou sendo
ferido por uma flecha na perna.
O
antropólogo indiano T.N. Pandit realizou diversas viagens patrocinadas
pelo governo para Sentinela do Norte no final dos anos 80 e início dos
anos 90. "Às vezes, eles viram as costas para nós e se sentam em seus quadris como se fossem defecar", disse ele. "Isso é um símbolo de insulto para eles, já que não éramos bem-vindos”.
Surpreendentemente, houve apenas um caso em que uma pessoa de fora não
enfrentou uma recepção agressiva. Em 4 de janeiro de 1991, um grupo de
28 pessoas composto de homens, mulheres e crianças, se aproximou com
Pandit e sua comitiva. "Foi inacreditável como eles se apresentaram ao nosso encontro voluntariamente", disse ele. "Eles devem ter decidido que havia chegado a hora de entrar em contato com outras pessoas".
Infelizmente,
o último contato com os habitantes da ilha, em 2006, não foi tão bem
como se esperava. Dois pescadores foram mortos, enquanto pescavam
ilegalmente dentro da faixa de proteção da ilha.
Os sentinelenses estão entre as últimas comunidades que vivem sem
contato com a globalização. Talvez seja melhor deixá-los da forma como
está, pois trazê-los para a civilização pode ser algo extremamente
maléfico. Afinal, eles podem não ser imunes a várias doenças existentes
nos dias de hoje e pode ser extremamente complicado se adaptarem ao
mundo moderno.
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