Informação consta em depoimentos prestados à procuradoria da Lava Jato pelo executivo Vinicius Veiga Borin, apontado como operador de contas da empreiteira
O
executivo Vinicius Veiga Borin, que negocia delação premiada com
procuradores da Lava Jato, revelou o significado dos codinomes "dragão",
"kibe" e "esfirra" que aparecem em planilhas da Odebrecht apreendidas
no escritório da ex-funcionária da empreiteira Maria Lúcia Tavares, em
Salvador - presa na Operação Acarajé, ela seria uma das responsáveis
pelo "departamento de propinas" da empresa. As informações foram dadas
no âmbito da colaboração de Borin, que ainda aguarda homologação da
Justiça federal do Paraná.
Segundo o delator, os termos se referem a operadores de contas
ligados a Odebrecht encarregados de fazer entregas de dinheiro ilícito
no Brasil. "Dragão" seria a referência a um chinês identificado como
Wu-Yu Sheng, cuja atividade era "fazer dinheiro" com os lojistas da Rua
25 de Março, tradicional ponto de comércio popular de São Paulo. De
acordo com Borin, a função do chinês era "entregar o dinheiro no Brasil a
quem fosse determinado". Ele ainda conta que Wu-Yu deixou o país para
morar na Flórida, nos Estados Unidos, em 2015, possivelmente por causa
dos avanços da Lava Jato sobre os negócios escusos da empreiteira.
Já "kibe" e "esfirra" seriam uma menção a duas pessoas com nomes
árabes, Adir Assad e o seu irmão identificado como Samir. O empresário
Assad foi condenado na Lava a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de
dinheiro e associação criminosa, em setembro do ano passado. Segundo
denúncia do MP, ele usava empresas de fachada para intermediar
pagamentos a dirigentes da Petrobras.
Segundo o depoimento, os repasses teriam sido feitos aos três
operadores por intermédio do advogado Rodrigo Tacla Duran, que, por sua
vez, recebia o dinheiro de Olívio Rodrigues Junior, sócio da empresa JR
Graco Assessoria. Os dois são apontados como operadores de contas
abastecidas pela Odebrecht. Os investigadores da Lava Jato rastreiam o
caminho das transações feitas a partir do chamado "departamento de
propinas".
Borin atua no mercado financeiro desde 1976, com passagens no Banco
Itamarati, Banco Paulista, Trend Bank, Antigua Overseas Bank e Meinl
Bank. Este último, sediado em Antígua, um paraíso fiscal no Caribe, teria sido adquirido pela Odebrecht,
em 2010, para gerir transações" suspeitas" da Odebrecht. Borin era
sócio da instituição junto com executivos do setor de propinas da
Odebrecht.
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