O
presidente Michel Temer tenta repactuar a base de apoio no Congresso
dando mais espaço para o PSDB no governo. Temer ofereceu aos tucanos a
articulação política, mas a pasta da Secretaria do Governo - vaga desde a
saída de Geddel Vieira Lima - foi recusada, segundo o Estadão. A
intenção do PSDB é ter influência na área econômica, considerada
determinante para o sucesso da gestão.
O posto que era ocupado por Geddel é considerado pelo PSDB como uma
fonte de desgaste, que não atende a expectativa do partido, o principal
aliado do governo do peemedebista no Congresso. A demanda dos tucanos é
ter protagonismo na formulação da política econômica comandada pelo
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Líderes do PSDB garantem que a
sigla não age para desestabilizar o titular da Fazenda.
O PSDB quer mesmo assumir o Ministério do Planejamento numa futura
reforma ministerial, que aconteceria no início do próximo ano.
Atualmente, a pasta é comandada por Dyogo de Oliveira, que não pertence a
nenhum partido político e deve ser oficializado no cargo após ficar por
seis meses como interino após a saída de Romero Jucá da pasta.
Ministério do Planejamento
A efetivação de Oliveira, contudo, não é garantia de permanência para
o próximo ano. O Planejamento já esteve na mira do PSDB. Logo após
Temer assumir interinamente a Presidência, em maio, um dos nomes
cogitados para ocupar o Planejamento foi o da economista Ana Carla Abrão
Costa, atual secretária de Fazenda do Estado de Goiás, comandado por
Marconi Perillo (PSDB).
Antes de assumir a cadeira estadual, Costa ocupou uma das diretorias
do Itaú Unibanco. A secretária também é casada com o economista Pérsio
Arida, um dos idealizadores do Plano Real.
Jogo duplo
Em caráter reservado, aliados de Temer dizem ter receio de que o PSDB
rompa com o Planalto em 2017 caso a economia permaneça estagnada e a
popularidade do presidente muito baixa - o que poderia comprometer o
projeto do partido em 2018, ano da sucessão presidencial.
No governo, são recorrentes as reclamações de que os tucanos estariam
enviando sinais trocados. De um lado fazem juras de lealdade, mas de
outro criticam a condução da economia.
Dois exemplos desse "jogo duplo" envolvem o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. O primeiro foi uma frase dele comparando o governo
Temer a uma "pinguela". A declaração irritou auxiliares do presidente.
Também incomodou o que foi considerado um "balão de ensaio", lançado
por um aliado de FHC, Xico Graziano - que defendeu uma possível
candidatura dele à Presidência num eventual colégio eleitoral em caso de
cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A
ação foi proposta pelo PSDB.
'Plano A'
Nas conversas recentes com Temer, a cúpula do PSDB garantiu lealdade
até o fim do mandato, em 2018, mas cobrou dele um discurso mais claro na
área social. A avaliação dos tucanos é que a retórica oficial não pode
ser apenas baseada no ajuste fiscal.
"Não existe alternativa para o PSDB a não ser o governo dar certo.
Não há aposta em plano B. Vamos ajudar o presidente Michel até o final a
fazer essa travessia", disse ao Estado o senador Aécio Neves,
presidente nacional do PSDB.
O dirigente tucano nega que a sigla ambicione novos cargos no
Executivo, mas o assunto já é tratado abertamente no Congresso.
[...]"Vai chegar um momento que o governo terá mais gente do PSDB. Não
estou convencido que seja agora", afirmou o deputado Jutahy Junior
(PSDB-BA).
Questionado sobre a ideia de repactuar o espaço dos tucanos no
governo, Fernando Henrique disse que o partido é responsável pela
gestão. "Acho que o PSDB, tendo tomado a posição que tomou em relação ao
impeachment, é responsável (pela gestão Temer também). (O partido) Deve
fazer o máximo de esforço para que o governo dê certo. Agora, é preciso
que o governo queira dar certo e se organize." (Com informações da
Agência Estado)
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