O que o presidente está esperando para comentar as 60 mortes de pessoas sob a tutela do Estado?
O papa Francisco fez orações pelas vítimas da
rebelião no presídio de Manaus na primeira audiência geral de 2017,
realizada nesta quarta-feira. Ao todo, 60 pessoas morreram barbaramente
no complexo penitenciário Anísio Jobim após uma rebelião. “Exprimo dor e
preocupação pelo que aconteceu. Convido a todos para rezar pelos
mortos, pelos seus familiares, por todos os presos daquele presídio e
por aqueles que lá trabalham. E renovo meu apelo para que os institutos
penitenciários sejam locais de reeducação e de reinserção social e as
condições de vida dos presidiários sejam dignas de pessoas humanas”,
disse o sumo pontífice.
Nesta terça, de acordo com uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo,
a avaliação no Planalto era de que a ação do governo já estava sendo
cumprida com a atuação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que
foi para Manaus. Segundo auxiliares de Michel Temer, o presidente iria
aguardar o “diagnóstico” de Moraes e apenas depois definir se tomará
ações. Moraes já foi, viu, falou e voltou para Brasília. Temer segue em
silêncio.
É difícil entender o que Temer está esperando para comentar
as 60 mortes de pessoas sob a tutela do Estado. A tragédia expôs
negativamente o país em jornais do mundo todo e o presidente da
República não diz uma palavra sobre o assunto. O mínimo que ele poderia
fazer seria lamentar e condenar as mortes. Na melhor das hipóteses,
poderia anunciar parcerias do governo federal com o Amazonas para sanar a
crise, ou ainda um plano nacional para tentar humanizar e controlar o
sistema prisional medieval brasileiro. Não fez uma coisa nem outra.
Prefere um silêncio constrangedor.
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