Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió
Ao menos um preso foi morto e outros ficaram feridos na rebelião
iniciada na noite desta quarta-feira (18) na Penitenciária Estadual do
Seridó, localizada em Caicó (região oeste do Rio Grande do Norte). A
informação foi concedida ao UOL pelo responsável pelo Batalhão de Polícia em Caicó, cabo Tarcísio Medeiros.
"A rebelião ocorreu apenas em um pavilhão, o B, e já foi contida. Pelo
que sabíamos, só havia dois presos do PCC no local, não temos informação
ainda sobre quem são as vítimas. Policiais estão no local fazendo a
ocorrência", disse o policial. Os presos do pavilhão A não se juntaram
aos demais rebelados.
Ele não soube informar quantos ficaram
feridos na rebelião, mas garantiu que os presos estão sendo socorridos
por equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Os presos iniciaram a rebelião quebrando grades do pavilhão B que dá
acesso à cozinha da unidade prisional e subiram no telhado. Segundo a
Polícia Militar, o motim começou por volta das 20h (21h horário de
Brasília) e já foi controlado.
Os rebelados atearam fogo em
colchões, contido pelo Corpo de Bombeiros, e alguns chegaram a subir no
telhado da penitenciária com tecidos contendo o nome da facção criminosa
Sindicato do Crime do RN, rival do PCC (Primeiro Comando da Capital). A
bandeira tem siglas de outras facções aliadas ao Sindicato do Crime do
RN, como: CV, OKD, FDN.
Segundo a PM, policiais das guaritas
observaram que os presos estavam com movimentação diferente e logo se
posicionaram para impedir fugas.
A penitenciária de Caicó tem
capacidade para 265 internos, mas custodia atualmente 297 homens. Na ala
feminina, há 53 mulheres presas e a capacidade é para 56.
Veículos incendiados
Além da rebelião no presídio do Seridó, a polícia registrou ataque a
veículos feito por criminosos em Caicó. Pelo menos cinco veículos da
Secretaria Municipal de Saúde foram incendiados. Eles estavam
estacionados em uma área do pátio da secretaria, localizada no bairro
Vila do Príncipe, zona norte. Não há registro de feridos e o fogo já foi
contido.
Fogo também foi ateado em um ônibus que estava na
garagem da Viação Jardinense, que faz transporte intermunicipal de
passageiros. Segundo testemunhas, dois homens portando armas de fogo e
galão com combustível invadiram o veículo no momento em que os
passageiros desciam na parada final. O veículo teve perda total, mas
ninguém se feriu.
Até o final da noite, a polícia não havia conseguido prender nenhum suspeito de cometer os incêndios criminosos em Caicó.
Noite de medo
Natal e cidades da região metropolitana encerram o dia sem ônibus porque pelo menos 12 veículos foram incendiados.
Oito ônibus da empresa São Geraldo, que faz o transporte interestadual
de passageiros, foram incendiados na garagem da empresa, em Natal. Até
agora, segundo o Corpo de Bombeiros, 11 ônibus e um carro do governo do
Estado foram incendiados na capital.
Por volta das 23h, um
micro-ônibus foi incendiado no bairro Bela Vista, em Parnamirim (também
na região metropolitana), e um ônibus na cidade de Macau (região oeste
do Estado). Em ambos os casos, não há registro de vítimas.
Crise no RN
O sistema prisional do Rio Grande do Norte está em crise desde o fim de semana, quando presos
da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta
(região metropolitana de Natal), se rebelaram e assassinaram 26 detentos.
A rebelião foi ocasionada por disputa de domínio entre as facções
criminosas Sindicato do Crime do RN, grupo que age nas cadeias do
Estado, e o PCC (Primeiro Comando da Capital), originada na região
sudeste e que tem ramificações no Nordeste. Segundo o sindicato dos
agentes penitenciários do RN, presos do pavilhão 5 de Alcaçuz, que
custodiava integrantes do PCC, invadiram o pavilhão 4 e iniciaram um
enfrentamento com membros do Sindicato do Crime do RN.
Na
terça-feira (17), o clima ainda era de tensão no sistema prisional do
Estado, pois presos do Sindicato passaram a ameaçar se rebelar caso não
houvesse transferência de detentos do PCC de Alcaçuz para outros
presídios.
Presos da Cadeia Pública de Natal, conhecida também
como Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato, se amotinaram nas
primeiras horas da segunda-feira, mas não houve mortes, feridos ou fugas
na unidade prisional. Eles tentaram derrubar uma parede da cadeia
usando armas brancas para entrar na área de isolamento da unidade
prisional, porém foram contidos pela polícia.
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