Do UOL, em São Paulo
Um estudo publicado na Nature Neuroscience afirmou que, com a gravidez, as áreas do córtex cerebral da mulher murcham. Ou seja, o cérebro da mãe encolhe.
Parece que a notícia é negativa, mas não há motivos para preocupação. Na realidade, este é um bom sinal.
Um cérebro menor pode ser mais eficiente e especializado.
Ao encolher, os cérebros pós-gravidez são perfeitamente esculpidos para
responder melhor aos bebês. Agora a notícia ficou boa, não é?
As regiões que mais diminuem – parte do córtex frontal e temporal, bem
como a linha mediana – estão relacionadas à empatia. O encolhimento
seletivo indica que essas regiões se tornaram mais especializadas,
aumentando a eficiência da mãe para cuidar do bebê.
É como se o
cérebro tivesse amadurecido para a nova etapa da vida. As regiões
cerebrais mais alteradas são as mesmas que ativam assim que as mães veem
fotos de seus bebês. A gravidez (e possivelmente o parto) torna essas
redes neurais mais sofisticadas e fortes, deixando a mãe mais sensível
ao filho.
As mulheres que tiveram maiores mudanças cerebrais foram as que mostraram mais apego ao filho.
O encolhimento pode afetar alguma área cerebral?
Pesquisadores analisaram também se as alterações afetam o envelhecimento do cérebro e a memória das mães.
A coautora do estudo, Elseline Hoekzema, neurocientista da Universidade
de Leiden, na Holanda, afirma que há poucos dados sobre o assunto
ainda. Porém, ao analisar 25 mães de primeira viagem, Hoekzema não
encontrou nenhuma mudança relacionada a memória na pré-gravidez até os
meses pós-parto. Mas a pesquisa não testou as mulheres durante a
gravidez.
Já segundo Liisa Galea, neurologista da Universidade
da Colúmbia Britânica em Vancouver, no Canadá, existem sinais de falha
na memória durante a gravidez e imediatamente após o parto tanto em
pessoas quanto em animais. Os fatores podem variar de acordo com o
trimestre da gravidez e o sexo do feto.
Mas não há motivo para desesperos. Galea aponta que após o período inicial, a maternidade pode realmente tornar o cérebro mais forte.
"Gravidez
e maternidade são eventos dramáticos que mudam a vida e têm
repercussões duradouras no cérebro. Mas as repercussões podem ser boas"
Liisa Galea, neurologista da Universidade da Colúmbia Britânica.
Em um teste de labirinto, as mães de ratos que não amamentavam mais
superaram as ratas que nunca deram à luz. Além disso, ratas que tinham
estado grávidas superaram as que não foram mães em testes de memória,
afirmou Galea.
E não é só isso: a maternidade também ajuda a
manter o cérebro jovem. Quando testados em idade avançada, fêmeas que
tiveram filhotes executaram melhor testes de aprendizagem e memória do
que aquelas sem filhotes.
Os resultados sugerem que algo sobre a
maternidade – talvez os hormônios e as alterações cerebrais – ajudem a
proteger o cérebro da mãe à medida que ela envelhece.
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