Valor de mercado na Bolsa passou de R$ 101,3 bi para R$ 209,4 bi
A Petrobras viu seu valor de mercado mais que dobrar neste ano, de R$ 101,3 bilhões para R$ 209,4 bilhões
Apesar de amargar, em 2016, resultados financeiros desanimadores,
grande parte das maiores empresas brasileiras de capital aberto teve
pelo menos um motivo para comemorar. Se, por um lado, muitas registraram
prejuízo recorde, por outro, elas não só recuperaram o valor perdido em
2015, como foram além. No ano passado, as companhias listadas haviam se
desvalorizado em R$ 253,5 bilhões, segundo levantamento da Economática.
Neste ano, entretanto, elas ganharam R$ 563 bilhões, com a Petrobrás
sendo responsável por quase 20% desse total.
O valor de mercado da petroleira passou de R$ 101,3 bilhões no fim de
2015 para R$ 209,4 bilhões, incremento de 106,7% – apesar de um
prejuízo líquido de R$ 17,3 bilhões nos nove primeiros meses do ano, o
maior da bolsa brasileira no período em valores absolutos.
Como o resultado das companhias em valor de mercado é uma projeção
que se faz de caixa futuro, os investidores indicaram neste ano que
esperam melhoras para os próximos meses, mesmo diante de prejuízos como o
da estatal, diz Ricardo Rocha, professor do Insper.
Vendas de ativos, alta no preço das commodities e nomes no governo
federal e no comando das companhias mais bem vistos pelo mercado
financeiro estão entre os fatores que favoreceram a recuperação da
Bolsa.
A Petrobrás, por exemplo, foi beneficiada por uma relativa
recuperação do valor do petróleo, cujo barril chegou a custar US$ 25 e
agora passa dos US$ 55, e pela expectativa de um avanço ainda maior no
preço decorrente da decisão da Organização dos Países Produtores de
Petróleo (Opep) de diminuir a oferta do produto. De acordo com o
economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Paulo Gomes, a
política de preços “mais transparente” adotada neste ano e a mudança no
comando da petroleira também ajudaram no desempenho da companhia.
“O nome do Pedro Parente (atual presidente) fez diferença. É um gestor mais profissional”, acrescenta Rocha.
Parente, que foi ministro de Fernando Henrique Cardoso e passou por
companhias como o grupo de comunicação RBS e a multinacional Bunge, tem
levado adiante o projeto de desinvestimento da Petrobrás. De acordo com o
plano de negócios da estatal, a meta é vender US$ 21 bilhões em ativos
até 2018. Por enquanto, já foram US$ 13,6 bilhões. “As empresas estavam
precisando melhorar a produtividade. Estavam com um monte de ativos que
não eram seu ‘core’ (negócio principal da companhia) e, agora, com as
vendas, equalizaram o endividamento”, avalia Oscar Malvessi, da FGV.
A Vale e a Eletrobrás também apareceram no ranking das dez que mais
se valorizaram em termos absolutos ao longo dos últimos 12 meses. O
valor de marcado da mineradora deu um salto de R$ 61,7 bilhões no fim do
ano passado para R$ 127,7 agora, impulsionado pelo aumento no preço do
minério de ferro e pelos desinvestimentos. A companhia reduziu seu
patrimônio líquido em 23% em setembro na comparação com o mesmo mês de
2015, mas registrou um lucro líquido de R$ 11,7 bilhões, ante um
prejuízo de R$ 11 bilhões até setembro do ano passado.
Privatizações. Já o valor da Eletrobrás avançou 250,6%, apesar de a
estatal estar em uma situação financeira dramática – sua alavancagem
chegou a 8,7 vezes no fim de setembro. A mudança na presidência para um
nome que agrada o mercado, o de Wilson Ferreira Júnior (ex-CPFL), e o
anúncio de privatização de sete distribuidoras até o fim do próximo ano
ajudaram a melhora do preço dos papéis da empresa.
O presidente da Eletrobrás afirmou ao Estado, por e-mail, que credita
os ganhos da empresa na Bolsa ao fato de o governo estar determinado a
reduzir suas intervenções no setor elétrico e a medidas adotadas para
diminuir a dívida.
Para Rodrigo Zeindan, da Fundação Dom Cabral, os riscos
macroeconômicos no País diminuíram neste ano, o que impactou
positivamente nas apostas dos investidores nas companhias, sobretudo nas
estatais ou nas que estão sob influência do governo, como a Vale,
através dos fundos de pensão. “O valor de mercado depende do risco da
empresa e da economia. A volatilidade macro foi muito maior em 2015. As
incertezas se resolveram nos últimos meses”, diz ele. “O mercado não
acredita que (a nova crise política) derrube (Michel) Temer nem paralise
o governo”, destaca.
O setor financeiro também avançou com o novo panorama político e
econômico estabelecido depois do impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff. Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil figuram no mesmo
ranking em que estão Petrobrás, Vale e Eletrobrás.
Procuradas, a Petrobrás preferiu não comentar o assunto e a Vale não retornou os pedidos de entrevista.
0 comentários:
Postar um comentário