Major Olímpio, que foi candidato a prefeito de São Paulo, também criticou indenização de famílias de presos; parlamentar diz que objetivo foi fazer ironia
O
deputado federal Major Olímpio (SDD-SP), que foi candidato a prefeito
de São Paulo em 2016 – chegou em sexto lugar, com 2,02% dos votos -, fez
um post no Facebook em que diz que os presos do complexo de Bangu no
Rio “podem fazer melhor” em termos de massacre do que os detentos de
presídios de Manaus e Roraima, palcos de chacinas na semana passada.
“Placar
dos presídios: Manaus 56 x Roraima 30. Vamos lá, Bangu! Vocês podem
fazer melhor!”, escreveu o parlamentar, que é ex-policial militar de São
Paulo e dirigiu associações da categoria no Estado.
Ao
jornal “O Estado de S. Paulo”, o parlamentar afirmou que o objetivo do
post, publicado no sábado, não foi incentivar novas chacinas. “Não
incitei a violência. Não estou torcendo por uma nova chacina. Só usei a
ironia para mostrar o tamanho da tragédia”, disse.
Neste domingo, o deputado voltou a postar sobre o assunto no
Facebook, desta vez para criticar o fato de o Estado indenizar as
famílias dos presos mortos no massacre de Manaus, mas não fazer o mesmo
em relação às vítimas dos criminosos.
“Aqui nessa república de bananas, de povo sem voz e sem vez,
ser bandido virou profissão. Tem associação, tem direitos. Os
vagabundos viraram vítimas, as vítimas viraram estatística”, escreveu.
Declarações polêmicas
A declaração de Major Olímpio se soma a outras frases
polêmicas ditas por autoridades desde o massacre de 56 presos no
Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que abriu a série de
chacinas de presos no ano na Região Norte.
Logo depois da chacina, o governador José Melo (Pros) disse que não havia “santo” entre os mortos nos presídios de Manaus. “Não tinha nenhum santo.
Eram estupradores, eram matadores que estavam lá dentro e pessoas
ligadas a outra facção (Primeiro Comando da Capital), que é minoria no
Estado do Amazonas”, afirmou.
No mesmo dia, o presidente do PTB, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, disse que os mortos na chacina “já vão tarde”
e que não lamentaria os assassinatos. “Não vou chorar as baixas das
facções de criminosos no Amazonas. Ali não tem ninguém que mereça que
sua perda seja lamentada”, atacou o ex-deputado, que é presidente do
PTB.
A declaração que rendeu maior consequência, no entanto, foi a
de Bruno Júlio, então secretário nacional da Juventude do governo
Michel Temer (PMDB), que perdeu o cargo em razão dela. Na sexta-feira,
ele afirmou, ao se referir aos massacres de presos, que “tinha era que matar mais”.
“Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia,
né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana”,
afirmou Júlio na declaração que provocou sua queda – oficialmente, ele
pediu demissão. Júlio é presidente licenciado da Juventude do PMDB e filho do deputado estadual de Minas Gerais Cabo Júlio (PMDB).
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