Ex-ministro da Justiça petista confessa que contou para Lula
Tarso afirmou a Moro que Lula jamais fez qualquer interferência para barrar ações contra atos ilícitos (Foto: Reprodução)
Em
depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na tarde de ontem, 16, o
ex-ministro da Justiça do primeiro governo petista, Tarso Genro, disse
que avisou o então presidente Lula – no início do seu segundo mandato –
sobre uma ofensiva da Polícia Federal que pegou Genival Inácio da Silva,
o Vavá, alvo da Operação Xeque-Mate – deflagrada em 2007 para combater
esquema de jogos ilegais em Mato Grosso do Sul. Vavá é irmão de Lula.
Tarso depôs como testemunha de defesa de Lula na ação penal aberta na
Operação Lava Jato contra o ex-presidente no caso do tríplex do
Guarujá.
Ele informou a Moro que, depois de ter avisado Lula, ficou sabendo
que Vavá foi conversar com o irmão presidente. Segundo ele, teria
ocorrido este diálogo: “Ô Lula, tu soubestes antes e não me avisou, eu
sei que o Tarso te avisou”. “O Tarso, o ministro da Justiça, avisou o
presidente da República e não o teu irmão”, teria respondido Lula,
segundo o ex-ministro.
Na avaliação de Tarso, a diligência na casa de Vavá, “uma pessoa
ingênua, foi desnecessária, arbitrária, num assunto que não tinha nada a
ver”. “Foi feito (a operação) certamente para causar algum tipo de
constrangimento ao presidente”, afirmou.
Um dos defensores de Lula indagou se o ex-ministro tinha conhecimento
de algum ato do petista relacionado a irregularidades. Tarso lembrou
que Lula era enfático no sentido de combater a corrupção. Neste momento,
relatou a Moro como soube da ação da PF que pegou Vavá e como avisou o
então presidente.
“Eu tinha assumido recentemente o Ministério da Justiça e chegando de
uma viagem ainda na Base Aérea (em Brasília) estava lá me aguardando o
chefe da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o diretor de Inteligência da
Polícia Federal. Me disseram ‘olha, ocorrerá uma diligência amanhã
pedida pelo Ministério Público e determinada à Polícia Federal na casa
de um irmão do presidente, nós queremos lhe avisar’. Eu digo: ‘está tudo
regular? Tem ordem escrita? Tem orientação? Então que se proceda”.
Naquela mesma noite, segundo Tarso, ele foi a Lula. “Cumprindo minhas
obrigações como ministro procurei o presidente Lula, já era depois da
meia noite. ‘Presidente, queria lhe informar que amanhã cedo vai ocorrer
uma diligência na casa do seu irmão’. O presidente me perguntou: ‘está
tudo legal, tudo regular?’ Eu disse ‘sim, está tudo legal, tudo
regular’. Ele disse. ‘Então, que se proceda essa diligência, te agradeço
por informar.”
Na manhã de 4 de junho de 2007 agentes da PF vasculharam a residência
de Vavá, em São Bernardo do Campo. Ele foi indiciado por tráfico de
influência. Outros 100 investigados foram enquadrados na Operação
Xeque-Mate. Sete anos depois, a Justiça arquivou a investigação.
Tarso reafirmou que Lula jamais fez qualquer interferência para barrar ações contra atos ilícitos.
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