Impacto com o objeto rochoso há 540 milhões de anos pode ter sido a causa da anomalia que existe ao redor da cidade centro-africana de Bangui
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) divulgou esta semana um comunicado afirmando que a anomalia detectada no campo magnético ao redor da cidade de Bangui, na República Centro-Africana, pode ser causada pelo impacto de um meteorito
540 milhões de anos atrás. Nessa região, segundo a nota, o campo
magnético é “significativamente mais agudo e mais forte” do que no resto
do planeta. A alteração foi observada em um novo mapa do campo,
elaborado pela equipe da agência, que possui a maior resolução já
alcançada.
“Medições do espaço têm grande valor,
pois oferecem uma visão global nítida sobre a estrutura magnética da
camada externa rígida do nosso planeta”, diz Rune Floberghagen, líder da
missão Swarm, cujo satélite, assim como o alemão CHAMP, forneceu
os dados para fazer o mapeamento. Segundo os cientistas, compreender o
campo magnético da Terra, assim como suas anormalidades, é importante
para desvendar a história do planeta que está impressa em sua crosta.
Esse campo é como “um enorme invólucro que nos protege da radiação
cósmica e das partículas carregadas que bombardeiam nosso planeta com o
vento solar”, sem o qual “não existiria a vida tal como conhecemos”,
escreve a agência.
A maior parte do campo magnético,
segundo a ESA, se forma a 3.000 quilômetros de profundidade, pelo
movimento de ferro fundido do núcleo externo. Os 6% restantes se são
originados pelas correntes elétricas existentes no espaço que rodeia a
Terra e as rochas magnetizadas na litosfera superior – porção rígida
mais exterior do planeta, que corresponde à crosta e o manto superior.
O mapa construído pela equipe de
cientistas europeus conseguiu mostrar com detalhes as variações no campo
magnético litosférico, que, por ser mais frágil, é mais difícil de ser
observado do espaço. Uma delas é a que está localizada em Bangui. Os
pesquisadores suspeitam que ela tenha sido originada por um impacto com
um objeto rochoso no passado, pois ele muda conforme uma nova crosta é
criada pela atividade vulcânica e pelo resfriamento do magma. Esses
minerais solidificados deixam um registro da história magnética da
Terra.
Segundo o cientista Dhananjay Ravat, da
Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, as linhas do campo
magnético também permitem identificar os movimentos das placas
tectônicas. “O novo mapa define as características do campo magnético
até 250 quilômetros de profundidade e pode ajudar a investigar a
geologia e as temperaturas na litosfera da Terra”, adiciona.
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