Acordo deve preservar antigo campo de concentração em Senador Pompeu, no Ceará

O Campo de Concentração de Senador Pompeu foi um dos sete construídos no Ceará para conter os retirantes da seca que se dirigiam para Fortaleza.

Por G1 CE
Antigo cemitério de Senador Pompeu (Foto: Divulgação)

O Ministério Público no Ceará (MPCE) e a Prefeitura de Senador Pompeu, no Ceará, firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para o tombamento do sítio arquitetônico da Barragem do Patu, da Vila dos Ingleses, do Cemitério e do Campo de Concentração do Patu, além do registro do bem imaterial da Caminhada das Almas. O objetivo é proteger o patrimônio histórico-cultural de do município, segundo o promotor Geraldo Nunes Laprovitera Teixeira. Em caso de descumprimento do Termo, o município fica sujeito a multa de R$ 5 mil por mês.

Criado durante a seca de 1932 para conter os retirantes que seguiam para Fortaleza na tentativa de fugir da seca, o Campo de Concentração de Senador Pompeu é um dos sete instalados no Ceará. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ainda existem sobreviventes que passaram pelo lugar. Dos sete campos de concentração existentes no Ceará, à época, o de Senador Pompeu foi o segundo maior, com uma população de 20 mil pessoas.

“Fato que demonstra esse forte elo [com a cidade] foi a construção de um cemitério simbólico localizado na área onde foram colocados os retirantes, com o objetivo de sagração das ‘almas das barragens’, que, inclusive, já tem incorporado a si uma manifestação ritualística: a procissão em louvor às santas almas da barragem, que ocorre no segundo domingo do mês de novembro, tendo como ponto de partida a Igreja Matriz e ponto de chegada o cemitério”, consta na ACP.

Construída para abrigar os trabalhadores que vieram ao Ceará construir a Barragem do Açude Patu por exigência da empresa inglesa Dwight P. Robinson e Co. - que elaborou o projeto e acompanhou a construção - o conjunto, iniciado em 1919 e que ficou conhecido como Vila dos Ingleses, não foi concluído, pois o projeto de construção do açude foi paralisado em 1923, por ordem do então Presidente da República, Artur Bernardes.

“Dentro do quadro de ações, a Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCAS), atual DNOCS, contratou a empresa inglesa Dwight P. Robinson e Co. para elaborar o projeto e acompanhar a construção da barragem do açude Patu. A empresa exigiu que fosse construída uma estrutura física para as pessoas que viriam trabalhar na área.
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