Segundo
boletim do Ministério da Saúde, o Ceará registrou 4.735 casos prováveis da
doença até 13 de março
Por Patrício Lima - Especial para Cidade
O Ceará vive
um panorama de alerta ocasionado pela iminência de uma epidemia da febre
chikungunya. Segundo dados do boletim epidemiológico da semana 10 do Ministério
da Saúde, com dados coletados até 13 de março 2017, o Ceará é o Estado de maior
índice de casos prováveis do vírus com 4.735 registros. O cenário se torna
ainda mais alarmante ao comparar este número ao de 2016, quando foram
registrados 912 casos durante todo o ano. Já por extrato populacional, os
municípios cearenses de Aracoiaba, Baturité, Caucaia e Fortaleza, capital com o
maior número de casos no país em 2017, então entre os mais acometidos pelo
vírus no cenário nacional.
Os números
apresentados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Online
(Sinan Online), por meio do Ministério da Saúde, apesar de diferentes,
corroboram com os últimos boletins divulgados pela Secretaria de Saúde do Ceará
(Sesa) sobre o aumento de casos de chikungunya no Estado. Na semana 12 deste
ano, até 25 de março de 2017, o órgão registrou 8.667 casos de chikungunya.
Destes, 21,5% (1.867/8.667) foram confirmados e 12,7% (1.106/8.667)
descartados. Os casos confirmados concentraram-se nas faixas etárias de 20 e 59
anos e foi predominante no sexo feminino. Em 2016 foram 37 mortes ocasionadas
pela chikungunya e um registro de óbito em 2017 relacionado ao vírus.
Já o boletim
semanal de doenças compulsórias (PNS), da Sesa, referente a semana 13,
registrou 2.677 casos confirmados de chikungunya. Por meio de nota, a
assessoria de imprensa da Sesa afirma que os números ainda não caracterizam uma
epidemia de chikungunya e que estão sendo tomadas as devidas ações para o
combate ao vetor. "A Sesa tem monitorado os municípios com maiores índices
de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e de incidência de casos de
arboviroses no Ceará. O cenário de cada um deles está sendo avaliado e, a
depender do caso, pode contar com medidas como visita técnica da equipe da Sesa
e monitoramento do plano de ação para o combate ao mosquito", destaca a
nota.
O texto
afirma ainda que, entre as ações que cabem aos municípios, de acordo com o
Plano Estadual de Vigilância e Controle das Arboviroses 2017/2018, está a
inclusão de casos suspeitos de arboviroses como dengue, zika e chikungunya no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). "Já o
assessoramento técnico de vigilância epidemiológica das Coordenadorias
Regionais de Saúde (Cres) e municípios e o monitoramento dos dados do Sinan
estão entre as atribuições que devem ser realizadas pelo Estado, segundo o
Plano de Arboviroses".
Para Luciano
Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
(UFC), é necessário uma atenção diferenciada por parte do poder público e da
sociedade na luta contra a proliferação do vírus e o mosquito Aedes aegypti.
"É o momento de reorganizar a assistência nas Upas e Unidades básicas, e
tratar de forma supervisionada, dando ênfase a triagem. O período chuvoso, no
nosso verão, torna a proliferação do mosquito ainda mais intensa. No caso da
chikugunya, o vírus tem uma taxa de ataque alarmante. Enquanto a taxa de ataque
da dengue é de 4 a cada 10 picadas, a chikungunya tem uma taxa de 7 a cada 10
casos. A tendência é que entre abril e maio, aumente ainda mais o número de
registros do vírus", destaca médico, que é pesquisador no controle do
mosquito do Aedes aegypti.
Fumacê
O fumacê,
nome popular para a Pulverização espacial UBV, é um procedimento que consiste
na liberação via aérea de gases, que agem por contato, atingindo os mosquitos
adultos em voo. Ou seja, a ação do produto só é efetiva quando o inseticida
está em suspensão no ar e só mata o mosquito adulto. A recomendação aos
moradores é que abram portas e janelas das casas na passagem do fumacê para que
o inseticida atinja o mosquito dentro das residências.
O
procedimento não diminui a necessidade da eliminação dos potenciais focos do
vetor. Por isso, os órgãos públicos de saúde indicam que as famílias devem
também fazer sua parte no combate ao Aedes aegypti. Cerca de 90% dos focos do
mosquito que transmite a dengue, zika e chikungunya são encontrados dentro de
casa. O fumacê não mata as larvas do Aedes aegypti, que estão em caixas d'água,
potes, baldes, pneus, lajes.
Manter os
quintais sempre limpos, recolher, eliminar ou guardar longe da chuva todo
objeto que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes
plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis e até cascas de ovos, também
são orientações repassadas pelo Estado. O lixo doméstico deve ser acondicionado
em sacos plásticos e descartado adequadamente, em depósitos fechados.
A eliminação
de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana. Assim, o ciclo
de vida do mosquito será interrompido.
De acordo
com o assessor técnico da vigilância ambiental da Prefeitura de Fortaleza,
Carlos Alberto, a Capital segue as diretrizes nacionais de combate a dengue, e
as demais arboviroses ocasionadas pelo vetor como chikungunya e zika.
Atualmente a capital cearense conta com cerca de 700 agentes que fazem visitas
domiciliares bimestralmente. Só neste ano, foram mais de 500 mil visitas em
residências e 12 mil focos eliminados, além de 5 mil denúncias.
Ações
"Trabalhamos
em quatro eixos: controle vetorial, controle químico, visita em imóveis
abandonados, além da mobilização da sociedade. As altas temperaturas elevadas e
grande intensidade de chuvas favorece a longevidade dos mosquitos, que podem
chegar à fase adulta em até 7 dias. Além disso, o índice de sobrevivência do
mosquito também aumenta para cerca de 40 dias. E quanto mais velho o mosquito,
maior o seu potencial transmissor. Conjunto Palmeiras, Jangurussu, Mondubim,
Joaquim Távora e São João do Tauape são os bairros que necessitam de maior
atenção. Intensificaremos nossas ações em mais 25 bairros", disse o
assessor.
Saiba mais
A expressão
"casos prováveis" foi utilizada para incluir todos os casos
notificados, exceto os que já foram descartados. Os casos são descartados
quando possuem coleta de amostra oportuna com diagnóstico laboratorial negativo
ou quando são diagnosticados para outras doenças.
Os casos de dengue grave, dengue com sinais de
alarme e óbitos por dengue, chikungunya e zika informados incluem somente os
casos ou óbitos confirmados por critério laboratorial ou por critério
clínico-epidemiológico.
Fonte: Diário do Nordeste
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