FÉ QUE DÁ CERTO: Goiano internado com cirrose hepática em Londres pede ajuda para voltar ao Brasil e tentar transplante de fígado

Família de Fábio Martins dos Santos, 28, afirma que não consegue ajuda do governo brasileiro, nem do inglês, e que não sabe o que fazer.

Por Murillo Velasco, G1 GO
Goiano Fábio Martins dos Santos está internado em Londres (Foto: Loiane Martins/Arquivo Pessoal)

O entregador Fábio Martins dos Santos, de 28 anos, internado com cirrose hepática em um hospital de Londres, luta para conseguir ser transferido para o Brasil e tentar fazer um transplante de fígado. A família dele é de Goiás, e afirma que não consegue do consulado brasileiro e do governo inglês ajuda para solucionar o caso.

De acordo com a esposa do goiano, Loiane Martins, de 30 anos, Fábio está internado em estado gravíssimo e a única alternativa para o tratamento dele é o transplante. No entanto, o governo inglês não realiza o procedimento em estrangeiros irregulares e o consulado informou a ela que não pode arcar com os custos da transferência que, segundo ela, só pode ser feita por uma ambulância aérea.

“A gente está desesperado, não temos mais o que fazer. Se não conseguirmos voltar para o Brasil e fazer este transplante com urgência, ele vai morrer. Os médicos disseram que a única chance dele sobreviver é tentar o transplante, que só dá pra fazer no Brasil. Ele só pode sair do hospital acompanhado de médicos e equipamentos, e o governo brasileiro diz que não pode fazer nada”, desabafou ao G1.

O Itamaraty informou ao G1, por telefone, que não há formas legais do governo brasileiro arcar com os custos da transferência, mas que está acompanhando o caso para ajudar a família a encontrar uma solução. Disse ainda que as leis inglesas não permitem que o Itamaraty tenha acesso ao prontuário do paciente.

Fábio está internado no North Middlesex University Hospital, em Londres. De acordo com Loiane, o marido está com o MELD [Modelo para doença hepática terminal] calculado em 29. A classificação é o sistema de pontuação para avaliar a gravidade da doença hepática crônica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), quando o índice chega a 30, o paciente tem 80% de risco de morrer, caso não consiga fazer o transplante.

“Com este nível de comprometimento, ele tem prioridade no transplante. Ele já está na fila do transplante no Brasil, nós estamos conseguindo com que ele realize o procedimento em Recife, mas simplesmente não conseguimos sair daqui, não tem como. Não temos condições de pagar esta transferência de ambulância aérea”, afirmou.

O G1 entrou em contato às 14h51 com o hospital North Middlesex University, mas foi informado, por telefone, que a unidade não tem autorização para passar qualquer informação sobre um paciente.

Fábio internado no hospita, acompanhado de um amigo, em Londres (Foto: Facebook/Reprodução)

Em busca de um sonho

Fábio se mudou sozinho para a Inglaterra em fevereiro deste ano. Ele havia acabado de tomar posse como policial militar em Minas Gerais, mas resolveu dar baixa na carreira e tentar a vida no exterior. Morando em Londres, ele começou a trabalhar como entregador e a fazer outros bicos para garantir o sustento dele, da esposa e da filha, que haviam ficado em Goiás.

De acordo com Loiane, em julho deste ano o marido começou a passar mal. Após fazer alguns exames de sangue, os médicos suspeitavam de uma hepatite autoimune ou anemia, e passaram a medicação para ele. No entanto, ele não melhorou, chegou a ficar 11 dias internado no Royal Free London, um hospital filantrópico da NHS Foundation Trust.

Em agosto, os médicos deram o diagnóstico de cirrose hepática e que ele só teria chances de sobreviver caso fosse submetido ao transplante.

“Nós ficamos desesperados. Até então ele estava bem, só que aí teve esta complicação, provavelmente uma evolução dessa hepatite que ele tinha. Só que ele saiu do hospital, em agosto, conseguindo trabalhar, depois de fazer drenagem, tirar um líquido da barriga. Depois o caso dele complicou muito”, contou.

Loiane foi para Londres com a filha no início de outubro, com a intenção de morar na cidade. Ela afirma que, nos últimos dias, o quadro médico do marido foi se complicando, até eles não terem outra solução para tentar salvá-lo do que voltar para o Brasil.

“De uns dias para cá a barriga cresceu, e os olhos ficaram bem amarelos. Ele começou a ficar com ascite, que é aquela barriga d’água. A situação está desesperadora e não temos ninguém por nós, chegamos até a conseguir uma passagem, mas não conseguimos voltar, porque o caso dele, agora, só pode ser de ambulância aérea, e eu não posso voltar e deixar ele aqui”, contou.

A mulher conta que procurou a Casa Brasil, uma instituição voluntária que oferece o Programa de Retorno Voluntário àqueles que estejam em situação irregular no Reino Unido e que desejam voltar ao Brasil. Loiane conseguiu as passagens para ela, o marido e a filha voltarem para o país, mas em voos separados.

“Fiquei muito grata, muito feliz quando conseguimos estas passagens. Só que, primeiro, ele está internado em estado gravíssimo e só pode ser transferido em uma ambulância aérea. E, segundo, ainda que ele pudesse viajar em um voo comercial, ele não poderia viajar sozinho, desacompanhado, já que os voos que conseguimos são separados. Estamos em uma aflição muito grande, sem saber o que fazer”, desabafou Loiane.

O G1 entrou em contato com o Gabinete de Assuntos Internacionais do Governo de Goiás, que informou, por meio de nota, que o governo desconhecia o caso, devido ao fato da família não ter o procurado, mas que não há nenhuma legislação que permita conceder as passagens aéreas para fim de transferência (veja íntegra da nota abaixo).

O também entregador Marcelo Ros Castilho, 33 anos, é amigo de Fábio e tem se mobilizado nas redes sociais em busca de ajuda para goiano.

"Os doutores só vão autorizar o Fábio a sair daqui para o Brasil em uma ambulância aérea. Ele está tendo um bom tratamento dos médicos, é acompanhado pela equipe de enfermeiros muito bem, mas a gente não sabe até que ponto os hospitais britânicos vão poder ajudar a gente, porque não dá pra ele, pelo que nos disseram, legalmente, fazer o transplante aqui, ele precisa ir para o Brasil", disse.

Fábio antes de ser internado com a doença em Londres (Foto: Marcelo Ros/Arquivo Pessoal)

Posicionamento do Governo do Estado:

“A família não nos procurou motivo pelo qual este Gabinete desconhecia o caso. 
Quanto ao pedido de concessão de passagens aéreas, informamos que aos termos da Lei Estadual 17.107/2010, o Estado confere aos familiares de goianos vitimados no exterior, quando demonstrada a hipossuficiência financeira, a possibilidade de promover a cremação e repatriamento de cinzas, sendo o único Estado no Brasil a dispor de um programa dessa natureza. 
Quanto a outros meios para retorno ao Brasil, sugerimos que seja feito contato com a Casa do Brasil em Londres, que coordena programa próprio desconhecendo, contudo, da manutenção do programa e eventuais variáveis como adiante se indica.
A Casa do Brasil em Londres, com a parceria do Home Office, oferece o Programa de Retorno Voluntário àqueles que estejam em situação irregular no Reino Unido e que desejam retornar com dignidade ao Brasil. O serviço é gratuito, garante direito a bagagem, é válido para toda família. Há também a possibilidade de emissão de passagens, mesmo para quem tem visto de turismo válido.”
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Sobre jaguarverdade

Sou Casado, pai de 3 filhos, apaixonado pela minha família e pela minha querida cidade Jaguaruana... Jaguaruana Verdade, Porque Mentira tem Pernas Curtas!

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