'Parecia uma guerra', conta moradora de Uberaba após ação na Rodoban

Moradora chegou a ver parte dos carros usados no roubo cinematográfico passando em sua rua; segundo ela, na carroceria de uma caminhonete um suspeito portava uma arma longa, apoiada em um tripé
A fachada da empresa ficou completamente destruída

Passada a madrugada de pânico vivida pelos moradores de Uberaba, no Triângulo Mineiro, com a ação de mais de 30 homens fortemente armados que explodiram a empresa de transporte de valores Rodoban, os moradores seguem assustados e com medo na manhã desta segunda-feira (6). 

A reportagem de O TEMPO conversou com uma moradora, que pediu para não ser identificada. Ela conta que precisou se proteger quando sete veículos usados pelos assaltantes em fuga passaram por ela. Segundo ela, um dos carros era a caminhonete que tinha uma metralhadora na carroceria, apoiada em um tripé.

Segundo a moradora, houve desespero e as pessoas começaram a telefonar e a mandar mensagens para parentes e amigos para que não saíssem de casa. “Eu já tinha sido alertada dos tiros por outras pessoas quando eles passaram na porta da minha casa. Eu estava na varanda. Eram pelo menos cinco carros, um caminhão, um carro vermelho, um preto e um prata. Em um outro carro havia uma pessoa deitada na carroceria, com uma arma apontada para a frente. Uma arma grande, um fuzil ou uma metralhadora. O homem estava com um macacão preto e o rosto coberto. A gente se escondeu para não ser visto ou atingido. Aí, eu informei a polícia que eles estavam indo na direção da pedreira. A polícia foi e encontrou sete carros abandonados”, conta a moradora.

O barulho das rajadas de tiros mais parecia de uma guerra, segundo a moradora. “Escutei muitos tiros e duas explosões. Dois estouros bem fortes. E olha que eu não moro tão perto da Rodoban. Estamos muito assustados. Conseguimos alertar boa parte da nossa família para que ninguém saísse de casa. Nossa preocupação era com a portaria do nosso condomínio, onde fica o porteiro e tem um grande fluxo de pessoas. Eu liguei para alguns amigos que moram lá, para que tomassem cuidado". conta.

Rajadas de tiros foram ouvidas de diversas pontos da cidade, por volta das 3h, e houve pelo menos duas explosões. A frente da transportadora de valores foi totalmente destruída. O bando usou até um drone na operação. Os militares tentaram derrubar o aparelho a tiros, mas não conseguiram. Além disso, vários transformados de energia foram destruídos a tiros durante a ação da quadrilha, com o objetivo de deixar a cidade no escuro.

Confira um vídeo que mostra o intenso tiroteio de longe

Toda a polícia da região está mobilizada em uma operação de cerco e bloqueio na tentativa de localizar e prender os assaltantes, em uma ação integrada entre as polícias Militar, Civil, Rodoviária e Federal. Vários helicópteros sobrevoam a região e a ação mobiliza policiais de mais de 30 cidades do Triângulo e de São Paulo. Militares da capital e da 9ª Região de Uberlândia, também no Triângulo, seguiram para Uberaba.

Ação organizada

De acordo com o chefe da sala imprensa da PM, major Flávio Santiago, a Polícia Federal (PF) mobilizou o seu serviço de inteligência na tentativa de tentar identificar os envolvidos no ataque. “A Polícia Militar, com muita cautela, conseguiu fazer essa atuação de forma que não houvesse vítimas civis. A gente conseguiu avisar as comunidades através de grupos no WhatsApp, para que não saíssem de casa naquele momento, quando aconteceram as explosões. O cerco e bloqueio continua. Foi uma ação organizada do crime, infelizmente, com dez veículos envolvidos na ação, com armamento de grosso calibre, inclusive um identificado como uma arma antitanque, utilizada pelas Forças Armadas, que é uma ponto 50”, conta o major. Nenhum militar foi ferido, segundo ele.

A PF, segundo o major, também está dando apoio na perícia que está sendo feita na empresa de valores. “Com as ações de inteligência, esperamos localizar esses infratores nas próximas horas”, disse o major. “O comando da PM deslocou vários efetivos para a região para restaurar a ordem pública em Uberaba”, acrescentou.

O major considera o ataque uma ação paramilitar. “Usaram miguelitos, uma espécie de cruz formada por pregos entrelaçados para furar pneus de carros, para dificultar a passagem de veículos. Além disso, usaram correntes fechando ruas. Houve disparos de armas de fogo em transformadores de energia, o que dificulta a questão da energia elétrica”, conta Santiago.

O sistema de videomonitoramento da cidade, o Olho Vivo, também foi atacado. “A informação que temos é que eles atiraram em pontos específicos que atrapalham o sistema de comunicação. Ainda não temos informações se todo o sistema ficou fora do ar. O que posso adiantar é que algumas comunicações foram interrompidas em face dessas explosões em pontos específicos”, conta o major. “A comunicação da PM não foi totalmente eliminada, mas foi prejudicada”, completa.

Outra informação do major é que no momento do ataque havia apenas um vigilante trabalhando na empresa Rodoban, armado com um revólver calibre 38. A guarita onde ele estava foi alvejada com vários tiros e o funcionário foi mantido lá dentro, sendo impedido de sair. “Não havia outros funcionários na segurança. Ele (o vigilante) não sofreu nenhum impacto na ação. Atiraram na guarita para ele não sair”, conta major Santiago. Segundo ele, a empresa ainda não informou o valor roubado. “Ainda estão fazendo o levantamento”, disse.

A polícia, segundo ele, trabalha com a hipótese de que os criminosos ainda estão escondidos na região e espera prendê-los em breve.

PEDRO FERREIRA
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Sobre jaguarverdade

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