A pipoca é
um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio
dos meus milhos graúdos aparecessem àquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e
trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista do
tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei
como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar
as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos
amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo
fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém
jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar,
saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que
acontecia com eles: os grãos duros Quebra-Dentes se transformavam em flores
brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se
transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa,
brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É
muito divertido ver o estouro das pipocas!
O que você
compraria com R$ 2,00 dois reais? Em nossa imaginação, talvez, possamos dizer
nada ou quase nada. Só que aqui em Jaguaruana um cidadão baixo de conversa fácil
e muito carismático faz a festa da criançada com dois reais. É amigos, estou
falando do senhor Ercílio que com sua pipoqueira tem alegrado crianças e
adultos nas tardes noites de carnaval na Terra da Rede. O pacotinho das mais
deliciosas pipocas amanteigadas custa apenas dois reais, uma verdadeira
delícia.
Não sei seu
nome completo, também não sei se o mesmo tem filhos ou não, mas sei que a história
de vida desse cidadão merece ser, para sempre, lembrada. Ontem à noite estava eu
na praça principal de Jaguaruana e vi uma cena que me chamou atenção. Ao lado
estava Ercílio e sua esposa com sua pipoqueira e eu a observar as crianças que
não parava de chegar. Feita na forma tradicional, e com um pouco de manteiga
por cima misturada com sal a gosto, a pipoca fez, faz e sempre fará parte da
história de nossas vidas.
Aqui em
Jaguaruana eu conheço duas pessoas pessoa que mantém a tradição de fazer
pipocas em suas pipoqueiras e que a meu ver suas histórias não podem morrer.
Seu Nenzinho pipoqueiro que mesmo com a saúde fragilizada ainda faz suas
pipocas e o Ercílio que está sempre presente aos eventos realizados em nossa
cidade, como por exemplo, no carnaval. Na simbologia cristã o milagre do milho
de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição
é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de
outro. “Morre e transforma-te!” – dizia Goethe.
Finalizando
esse artigo, gostaria de pedir aos meus amigos e amigas que ao passar à noite
na nossa praça central e ao ver aquele senhor simples e humilde com sua
pipoqueira, não deixe de cumprimentá-lo e provar de uma das guloseimas mais
gostosa da nossa culinária, a pipoca. Se foi inventada pelos índios, não sei, o
que sabemos é que quem a descobriu talvez não soubesse que mesmo com o avanço
da tecnologia e com o desaparecimento de muitas coisas tradicionais, a pipoca
sobreviveria aos ataque de um mundo modernizado e que continuaria a
proporcionar alegria a jovens, crianças e adultos. Parabéns amigo Ercílio e que
Deus te dê saúde para continuar afazer pipocas por muito tempo.
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