Câncer
de mama só atinge as mulheres, certo? Errado! Apesar de não ser um tema
muito discutido, os tumores mamários também podem aparecer nos homens.
Apenas 1% do total de casos de tumores de mama acomete homens, segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA). Enquanto 14 mil mulheres
brasileiras morrem por ano dessa doença, menos de 200 homens sofrem com o
mesmo destino.
Ainda assim, o problema merece atenção e não deve ser negligenciado.
Atualmente, os tumores mamários em homens são associados a uma maior
mortalidade proporcional do que os femininos. Isso se dá graças ao
diagnóstico tardio, já que os homens não fazem exames nem se preocupam
com a enfermidade. O tumor é flagrado em estágio avançado, na maioria
das vezes.
A médica patologista Cristiane Nimir, especialista em mama e
integrante do núcleo de mastologia do hospital Sírio-Libanês, tira as
principais dúvidas sobre o assunto:
Casos de câncer de mama nos homens têm aumentado?
A quantidade de casos que nós tínhamos antes era bem menor do que a
de hoje. A idade dos pacientes também mudou. Eram homens mais velhos e
agora a idade vem diminuindo. Antes, os casos aconteciam,
principalmente, por alteração genética.
Atualmente, com o uso contínuo de hormônios e esteroides nas
academias, isso acaba também favorecendo o aparecimento em pacientes que
já teriam uma predisposição ao câncer. Os hormônios fazem a mama
desenvolver e o câncer acaba aparecendo. Algumas medicações
antidepressivas podem ter como efeito colateral desenvolver o broto
mamário (caroço), mas não necessariamente é câncer.
O que dificulta o diagnóstico?
Do ponto de vista de prevenção, manter um bom peso e fazer exercícios
regularmente é sempre a melhor opção. Uma coisa que dificulta a
informação e a divulgação sobre a existência do tumor mamário masculino é
o preconceito mesmo. O homem acha muito que a questão da mama está
relacionada à masculinidade. Geralmente, mesmo percebendo que tem algo
errado, o paciente não procura o mastologista por acreditar que é um
"médico de mulher", aí o diagnóstico acaba sendo mais tardio. Está
melhorando, eles estão começando a achar mais tranquilo procurar um
especialista.
O histórico familiar interfere na ocorrência dos casos?
Ficar de olho no histórico familiar é essencial. Ter muitos parentes
com câncer pode representar um fator de risco para o desenvolvimento da
doença. Se existe histórico de câncer de mama na família, independente
de ser em homens ou mulheres, em pacientes abaixo de 45 anos, é bom
ficar atento. A síndrome do câncer de mama hereditário não acomete só
mulheres, afeta indivíduos da mesma família.
Existe uma forma de prevenir a doença?
Uma das primeiras coisas essenciais tanto para o homem, quanto para a
mulher é conhecer o seu corpo. Ninguém melhor que você para saber tocar
o seu corpo, pois a qualquer mudança, qualquer alteração, é
aconselhável que se procure um mastologista. Nós, mulheres, temos a
glândula mamaria que dificulta a percepção. No homem, é mais fácil.
Qualquer sinal estranho, carocinho, textura diferente da pele, algum
líquido que está saindo, é muito melhor correr e procurar um
mastologista do que ter vergonha. Alteração na mama não está relacionada
com a masculinidade.
Uma vez diagnosticado, como é o tratamento do câncer mamário no homem?
O tratamento é exatamente igual ao da mulher. A cirurgia é menos
mutiladora, pois a mama masculina é muito pequena. Cada caso é um caso,
mas retirar a mama (mastectomia) geralmente está envolvido.
Quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia, depende do tipo do tumor,
se é menos ou mais agressivo.
Quais são as novidades para o tratamento?
Nos dias de hoje, para tratar o câncer de mama tanto feminino quanto
masculino, nós temos exames de estudos genéticos do tumor, que nos dizem
informações importantes sobre a biologia do tumor. Contam se são mais
ou menos agressivos, assim dá pra saber se o paciente precisa mesmo de
quimioterapia ou se não.
Conhecendo o tumor podemos passar uma medicação muito menos agressiva
e que vai fazer efeito, dependendo do tipo de câncer. Muitos pensam que
tais exames são algo muito distantes e não são. São testes com valores
acessíveis, feitos no Brasil. É importante conversar com o médico a
respeito disso para ter um tratamento mais específico.
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