Alguns tentam definir a vida como ciência. Estes atenderão apenas ao
pensamento aristotélico da realidade como verdade, não como a essência
da vida. Por isso, o efeito brilhante da frase "A vida imita a arte.’’,
sempre nos intriga, certamente, por velar a mesma essência de ambas: a
criação. Esta não se pode explicar; é! E tudo é! Magnificamente é! A
essência, a beleza, enfim, a vida!
O químico francês Antoine
Laurent de Lavoisier foi bastante infeliz quando disse que "Na natureza,
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.". Aliás, não sei quais
os motivos que o levaram a dizer "Nada se cria.", quando bastava "Nada
se perde, tudo se transforma". Algo bastante esquisito. Talvez,
resistisse à ideia de que tudo se transforma de modo criativo, e isso
certamente mostraria ao homem que tudo é criação. Parece não ter
percebido que a vida não se deslumbra com nossa ciência; nós é que
ficamos deslumbrados com a vida. Por isso, procuramos incessantemente
compreendê-la, principalmente, os seus mistérios, e é justamente por
esta razão que a ciência existe, o que não significa negar a importância
dela: ela é também fascinante. Todavia, entendo que assim como refazer é
um ato de fazer, recriar um ato de criar, portanto, na natureza, toda
renovação é um ato de criação. Como disse Einstein: "Existem apenas duas
maneiras de ver a vida: uma é pensar que não existem milagres e a outra
é pensar que tudo é um milagre”. Desassociar existência de criação é
impossível, porque tudo o que existe é, e toda criação é a existência de
alguma coisa. A diferença é a lei dela. Infelizmente para alguns
cientistas isto, às vezes, não é obvio. Um clone é uma criação? Sim! No
sentido de que se busca uma relação de igualdade perfeita. No entanto,
esta relação jamais poderá ser absoluta! Assim, a vida é a existência de
uma criação como um vaso cerâmico de um artesão; tem natureza mental e
essência espiritual.
Criou-se o mito, a utopia da igualdade como
algo absoluto, o interessante: igualdade absoluta é diferença - tudo é
igualmente desigual porque tudo é uma criação. Consideram que ela é
condição essencial para resolver os problemas sociais e esqueceram da
eqüidade, do "Dai a César o que é de César.", ou seja, do processo de
reconhecimento da relação de igualdade entre as coisas, cuja condição de
ser, apesar de relativa, é seguramente sempre identificável. Enfim,
esqueceram aquilo que é justo e insistem em nivelar, igualar tudo; o
pior: tudo por baixo. Confundem deformações humanas, sociais e culturais
com desigualdades humanas, sociais e culturais. Não entenderam que
apesar da deformação ou distorção ser uma desigualdade, não é ela, mas
sim uma distorção dela, pois, se minhas mãos são diferentes de outras
mãos, isto não tem nada de errado. No entanto, se estão inchadas,
certamente, não estarão representando aquilo que, por natureza, é
desigual, mas sim uma distorção do que é naturalmente diferente.
Provavelmente, isto vem ocorrendo a partir da revolução francesa calcada
no slogan "Igualdade, Liberdade e Fraternidade" e não no da Eqüidade,
Liberdade e Fraternidade como deveria ser. Aquele fora politicamente
explorada e disseminada sem o cuidado de uma reflexão mais cuidadosa.
Concluo o exposto lembrando a famosa frase de William Shakespeare:
"Ser ou não ser, eis a questão."E também com a de Aristóteles, porém
utilizando esta como caminho para se chegar à essência da vida: "A única
verdade é a realidade"; esta última, como uma Criação.
M. Melo
M. Melo
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