A previsão
para o Ceará é de chuvas até a próxima segunda-feira, apontam institutos de
meteorologia, influenciadas, principalmente, pela atuação da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT). Entretanto, como um todo, a tendência é que
a quadra chuvosa, que vai de fevereiro a maio, fique dentro ou abaixo da média
histórica do Estado, que é em torno de 860mm em quatro meses. Segundo dados
recentes divulgados pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal
(GTPCS) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTI), o
cenário é bem preocupante: as chances de a seca se agravar até abril são cada
vez maiores. De acordo com os pesquisadores, essas probabilidades alcançam 75%
de se confirmarem.
A Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) irá apresentar novo
prognóstico, dessa vez para os meses de março, abril e março, na próxima
terça-feira. E pela tendência observada no Oceano Atlântico, ainda aquecido, a
previsão não deve mudar muito da divulgada em janeiro passado, com 40% de
chuvas na média, 30% de ocorrências acima da média e 30% abaixo da média.
"Em
fevereiro, até o dia 16, registramos 28% a menos ou seja, a normalidade para o
mês é de 118.6mm e choveu 84.6 mm e, por enquanto, as incertezas
persistem", explica o meteorologista David Ferran. Em 2016, durante 29
dias, a situação foi pior, com 55,2% negativos ou seja, o quadro que se forma é
melhor do que o do ano passado. Em 2015, o acumulado do período ficou em menos
18,9%.
As análises
do GTPCS, para o período que vai de fevereiro a abril de 2017 mostram a
persistência de ventos alísios mais fracos que o normal no Atlântico Tropical e
o aumento da temperatura da superfície do mar.
De acordo
com o coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento
e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), integrante do Grupo de Trabalho,
José Antonio Marengo, há 40% de chances de chuva no norte do Nordeste nesse
período, mas com grande variabilidade espacial e temporal e abaixo da média
histórica.
Temperatura
A baixa
precipitação está associada às temperaturas dos oceanos Atlântico e Pacífico,
explica o pesquisador, incluindo a formação do El Niño intenso entre 2015 e
2016. Segundo Marengo, entre outubro de 2012 e setembro de 2013, quando a seca
se intensificou e afetou 53% das áreas de pastagens, o acumulado de
precipitação foi de 611 mm. Entre outubro de 2015 e setembro de 2016, o
acumulado de precipitação foi ainda mais baixo, de 588 mm. "Se até abril
as chuvas atingirem um patamar entre a média histórica - 861 mm no período de
1961 a 2015 - e até 30% abaixo dessa média, a situação hídrica na maioria dos
sistemas de abastecimento de água no norte da Região Nordeste não irá se
recuperar".
A
meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Renata
Tedeschi, confirma a propensão para a quadra invernosa ainda aquém das
expectativas dos cearenses. "Mesmo que essa possibilidade mude, o Estado
registre chuvas 30% acima da média, ainda assim, os reservatórios não pegarão
recarga necessária", frisa.
Fonte: Diário do Nordeste.
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