Mais
cedo, ao ser perguntado sobre declarações de Cunha, o presidente do
Senado disse: "Afasta de mim esse cálice" (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Cassado na última segunda, 12, pelo plenário da Câmara, o
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) divulgou nota rebatendo os
comentários do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em três
parágrafos, Cunha reclama que matérias relevantes oriundas da Câmara não
foram apreciadas pelo Senado e repete que as investigações da Operação
Lava Jato não tiveram as mesmas consequências sobre Renan. Ao final,
Cunha alfineta o colega de partido.
"Com todo desejo de sucesso ao presidente do Senado no comando da
Casa, e acreditando na sua inocência, espero que os ventos que nele
chegam através de mais de uma dezena de delatores e inquéritos no STF,
incluindo Sérgio Machado, não se transformem em tempestade", diz a nota.
"E que ele consiga manter o cálice afastado dele", finalizou.
Mais cedo, Renan tentou se distanciar da imagem de Cunha. "Afasta de
mim esse cálice", brincou o senador, evitando comentar afirmações de
Cunha, que disse ontem na Câmara que as denúncias dos parlamentares
teriam um tratamento diferenciado das dele no Supremo Tribunal Federal.
Na sessão de cassação, Cunha reclamou que virou alvo prioritário das
investigações. O ex-deputado é réu em dois processos no STF e é alvo de
investigação em outras sete frentes. Já o senador não é réu, mas é
investigado em 12 inquéritos no STF. "Eu não quero de forma nenhuma
falar sobre isso (cassação de Cunha), mas quem planta vento, colhe
tempestade, isso é uma lei da natureza", comentou o presidente do
Senado.
Nesta terça, Cunha disse que, durante o período em que presidiu a
Câmara, não houve matérias de caráter relevante provenientes do Senado
que não foram apreciadas pelos deputados, ao contrário do Senado, que
não colocou em votação o projeto de terceirização, a redução da
maioridade penal, a PEC da Reforma Política, entre outros projetos
encampados por Cunha e aprovados pela Casa. "Esperamos que o Senado
aprecie essas matérias", destacou.
Cunha lembrou que a ação penal 982 - que envolve delações referentes
às negociações de sondas da Petrobrás - só atingiu a ele. "Os mesmos
delatores, nas suas delações, acusam como beneficiários das supostas
vantagens indevidas montando a US$ 6 milhões os senadores Renan
Calheiros, Jader Barbalho, Delcídio Amaral e Silas Rondeau. Entretanto, a
ação penal que deveria ser indivisível, segundo o Código Penal, foi
aberta apenas contra mim", lamenta o ex-parlamentar. (AE)
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