Propriedade é ponto central de última denúncia contra o petista

Segundo
Marcelo Odebrecht e outros 2 delatores, empreiteira comprou imóvel para
construção do Instituto Lula (Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo)
A
Odebrecht comprou, há 6 anos, um imóvel destinado à construção de uma
nova sede do Instituto Lula. A afirmação consta da delação premiada de
Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar,
ex-diretor de relações institucionais; e Paulo Melo,
ex-diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias,
segundo o jornal Folha de S. Paulo.
A compra do imóvel, situado na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em
São Paulo, é um dos centros da denúncia em que Lula virou réu, na última
segunda-feira, 19, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
na Operação Lava Jato.
As delações de Marcelo, Alencar e Melo confirmam que o imóvel, que no
papel foi adquirido pela DAG Construtora, foi na verdade pago pela
Odebrecht e seria destinado à construção de uma nova sede do instituto.
A ideia, segundo os delatores, era que após a Odebrecht comprar o
imóvel outras grandes empresas ajudassem a construir o prédio do
Instituto Lula.
Segundo a Folha, na delação, há afirmações de que Lula e Maria
Letícia chegaram a conhecer o terreno, mas não teriam gostado do local.
Com isso, Marcelo determinou a Melo que procurasse outros imóveis pela
cidade. No entanto, este projeto não foi para a frente.
Com base nas quebras de sigilos fiscais e bancários dos investigados,
os procuradores apontaram que a Odebrecht pagou, em 2010, R$ 7,6
milhões para a empresa DAG Construtora, que adquiriu o imóvel
investigado.
Apesar do negócio não ter vingado, Moro afirmou ao aceitar a denúncia
do Ministério Público Federal que a falta de transferência na compra do
imóvel onde seria construído o instituto não prejudica a acusação de
corrupção, caracterizada pela oferta e pela solicitação da propina.
Ainda segundo a denúncia, também foi adquirido um apartamento vizinho
à cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP).
Este imóvel, no nome de Glaucos da Costamarques, testa de ferro de Lula,
foi sequestrado por Moro.
Em nota, o Instituto Lula disse que não comenta "supostas delações".
Afirmou que "delações não são prova, quanto mais supostas delações".
"O terreno nunca foi do Instituto Lula e tampouco foi colocado à sua
disposição. O imóvel pertence a empresa particular que lá constrói uma
revenda de automóveis. Tem dono e uso conhecido. Ou seja, a Lava Jato
acusa como se fosse vantagem particular de Lula um terreno que ele nunca
recebeu, nem o instituto – que não é propriedade de Lula, nem pode ser
tratado como tal, porque o Instituto Lula tem uma personalidade jurídica
própria", afirma a nota.
A assessoria do instituto finalizou afirmando que as doações feitas
ao Instituto Lula estão devidamente registradas e foram feitas dentro da
lei. A empresa DAG Construções informou que não iria se pronunciar.
Já a Odebrecht, por meio de nota da assessoria de imprensa, afirmou
que não se manifesta sobre o assunto, mas reafirma seu compromisso de
colaborar com a Justiça.
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