Ele criticou medida que prevê punição a membros do Ministério Público
O
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, fez um apelo nesta
sexta-feira, 2. para que o Congresso não aprove medidas que "atentem
contra a independência do Ministério Público e do poder judiciário", no
pacote de medidas que busca reforçar o combate à corrupção, aprovado na
Câmara na terça-feira e que agora tramita no Senado.
Ele criticou a medida que prevê que um membro do Ministério Público
possa ser punido caso seja derrotado em processo na Justiça. "Quando
você é membro do Ministério Público, você instaura um inquérito com base
em indícios. Mas quando você ingressa com ação penal, a lei exige
alguns requisitos. Durante o processo, isso pode não ser comprovado, e
você não pode ser responsabilizado por isso, porque caso contrário toda
ação você terá que ingressar com certeza de condenação, e não é para
isso que serve o processo", afirmou Moraes, durante ação de combate ao
mosquito aedes aegypt, em escola de São Paulo.
O ministro disse também que seria errado responsabilizar o juiz em
caso de revisão de condenações. "O juiz, ao proferir a sentença,condena
certas pessoas. Caso o tribunal reveja, isso faz parte do sistema, mas
obviamente não pode levar isso a uma responsabilização por parte do
juiz", afirmou. "Seria um atentado contra a independência do Ministério
Público, um atentado contra a independência do poder judiciário e,
consequentemente, seria inconstitucional", afirmou.
Após as críticas, Moraes disse que não acredita que o Congresso vá
tipificar o chamado crime de hermenêutica. "(Trata-se) daquele que (no
processo) acabou dando uma interpretação diversa, que acabou sendo
derrotado, acabe sendo responsabilizado. No caso de abuso de autoridade,
má fé, perseguição, o sistema legal já permite a punição", disse.
Sobre a ameaça feita pelos procuradores da Lava Jato de renunciar às
investigações caso sejam aprovadas as medidas que enfraqueçam a
operação, Moraes disse que o anúncio foi feito "em momento de emoção e
de contrariedade". "Tenho certeza que, passado o calor dos fatos, os
membros do Ministério Público devem ter repensado isso, porque os
membros do MP, quando falam, falam em nome da instituição, e não é
possível que o MP largue qualquer investigação", afirmou. (AE)
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