Leitão deixa o cargo no momento em que a Sejus enfrenta riscos de novas fugas
Em
meio a mais uma situação de turbulência nos presídios de Fortaleza, o
governador Camilo Santana (PT) decidiu exonerar o secretário de Justiça e
da Cidadania, advogado Hélio Leitão, ex-presidente da OAB do Ceará. Ele
será substituído pela atual chefe da Controladoria Geral de Disciplina
dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD),
procuradora de Justiça Socorro França.
Leitão deixa o cargo no momento em que a Sejus enfrenta sérios riscos
de uma nova onda de fugas, rebeliões e assassinatos nos presídios que
fazem parte do Complexo Penitenciário da Região Metropolitana de
Fortaleza, em face da “guerra” declarada nacionalmente por duas grandes
facções criminosas, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família do
Norte (FDN). Essa disputa pelo poder nas cadeias, em todo o País, deixou
o saldo trágico de 60 morte em Manaus (AM), no último fim de semana.
Temendo que a “guerra” das duas facções faça grandes estragos também
no Ceará, Hélio Leitão e sua equipe decidiram realizar,
emergencialmente, uma mega-transferência de presos das Casas de Privação
Provisória da Liberdade, as CPPLs, instaladas nos Municípios de
Itaitinga e Caucaia. Desde a última terça-feira (3), mais de 950
presidiários já foram remanejados. O objetivo é isolar as facções em
presídios distintos e, assim, evitar confrontos.
Ainda assim, na tarde da última quarta-feira (4), uma rebelião foi
contida logo no seu início nas CPPLs 1, 2 e 3. A tropa do Batalhão de
Choque da PM (BPChoque) e o Grupo de Apoio Penitenciário (GAP), agiram
rapidamente, sufocando os motins e transferindo as lideranças das
facções para presídios diferentes.
Ao longo de seus dois anos à frente da Sejus, o advogado Hélio Leitão
enfrentou períodos difíceis na administração da massa carcerária
estadual. O ápice da crise ocorreu entre os dias 21 e 22 de maio de
2016, quando os agentes penitenciários, responsáveis pela disciplina e
vigilância interna dos presídios e cadeias públicas, deflagraram uma
greve. Com a paralisação dos serviços prestados pela categoria, as
visitas nas unidades foram suspensas e teve início a maior rebelião
simultânea já ocorrida no Sistema Penal do Ceará. O resultado foi a
morte de 14 presos e a destruição completa de cinco cadeias.
A crise só foi amenizada com a chegada ao Ceará da tropa da Força
Nacional de Segurança (FNS), que aqui passou breve período e foi
substituída, logo depois, por uma força-tarefa de agentes penitenciários
de vários estados, vinda de Brasília. Polêmico, Leitão responsabilizou a
direção do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado pela
devastadora rebelião simultânea nos cinco presídios e pediu ao
Ministério Público Estadual (MPE) a responsabilização penal dos agentes
pelas 14 mortes e destruição das cadeias.
Apesar de seus esforços, o secretário não conseguiu barrar o
alastramento das facções criminosas no Sistema Penitenciário cearense
(hoje controlado por quatro grandes grupos do crime organizado). E,
junto com o governador Camilo Santana (PT), não obteve êxito na
tentativa de instalação de bloqueadores de sinal de celular nos
presídios.
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