Segundo ele, "tinha de ter uma chacina por semana"
Bruno Júlio disse que "tinha era que matar mais" e "tinha de ter uma chacina por semana" (Foto: Facebook/ Reprodução)
O secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio, foi demitido
nesta sexta-feira (6), depois de criticar a repercussão dada ao massacre
de presos no Amazonas e em Roraima. Ele disse que estava "havendo uma
valorização muito grande da morte de condenados, muito maior do que
quando um bandido mata um pai de família que está saindo ou voltando do
trabalho".
O Palácio do Planalto considerou "infeliz" a declaração do
secretário. Segundo assessores do Planalto, porém, o secretário pediu
demissão e ela foi aceita pelo presidente Michel Temer na noite desta
sexta.
Horas antes, o secretário havia dito que era "filho de policial" e
entendia "o dilema diário de todas as famílias". "Quando meu pai saía de
casa, vivíamos a incerteza de saber se ele iria voltar, em razão do
crescimento da violência", afirmou o secretário - seu pai, Cabo Júlio
(PMDB), atualmente é deputado estadual em Minas Gerais.
À coluna do jornalista Ilimar Franco, publicada no site do jornal O
Globo, Bruno Júlio disse que "tinha era que matar mais" e "tinha de ter
uma chacina por semana". "Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de
polícia, né? Tinha era de matar mais. Tinha de fazer uma chacina por
semana", afirmou à coluna.
Após a repercussão da declaração, o secretário divulgou nota sobre o
assunto. "O que eu quis dizer era que, embora o presidiário também
merecesse respeito e consideração, eu entendo que também temos de
valorizar mais o combate à violência. Mecanismos que o Estado não tem
conseguido colocar à disposição da população plenamente", afirmou.
Bruno Júlio foi nomeado por indicação da bancada mineira do PMDB. Ele
é presidente licenciado da Juventude Nacional do partido. Para o
ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, é uma "afronta" mantê-lo na
secretaria após as declarações.
Massacre em Manaus
Entre
os dias 1º e 2 de janeiro, ao menos 56 detentos morreram durante uma
rebelião no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus.
Dezenas de corpos foram encontrados esquartejados, decapitados e
queimados. Essa foi a maior matança registrada em presídios desde o
massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, em
São Paulo. Na UPP, foram quatro mortos.
A rebelião em Manaus durou cerca de 17 horas e começou na tarde de
domingo. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas atribuiu o que
aconteceu a uma disputa entre as facções rivais FDN (Família do
Norte)--que tem relação com o Comando Vermelho do Rio de Janeiro-- e PCC
(Primeiro Comando da Capital), pelo controle do tráfico de drogas. (AE)
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