Há anos o velho 'São Paulo', 56, não consegue sair do lugar
O levantamento dos custos de modernização do navio superou a marca de R$ 1 bilhão e foi considerado excessivo.
A
Marinha do Brasil decidiu desativar definitivamente o único
porta-aviões da sua frota de combate, o NAe A-12 São Paulo, comprado na
França, em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso a preço de
oportunidade, US$ 12 milhões. Deve virar sucata como o "Minas Gerais",
que substituiu.
O navio está recolhido ao sistema de docas da força naval no Rio de
Janeiro, de onde raramente conseguiu sair. O levantamento dos custos de
modernização do navio superou a marca de R$ 1 bilhão e foi considerado
excessivo pelo Almirantado. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o
presidente Michel Temer já foram informados da decisão.
O processo de desmobilização começa imediatamente e só será concluído
em 2020. O procedimento, em três etapas, exigiria 10 anos de trabalho e
a imobilização da unidade. Os caças A-4 Skyhawk do Grupo Aéreo do São
Paulo continuarão operando a partir da Base de São Pedro da Aldeia. O
destino final do A-12 não está definido. O tamanho do investimento para
recuperá-lo dificulta uma negociação no mercado de material de Defesa. O
Minas Gerais, porta-aviões que antecedeu o São Paulo, acabou vendido
como sucata no mercado internacional.
Excluído o plano de recuperação do porta-aviões, as prioridades de
reequipamento da Marinha passam a ser os programas de construção de uma
frota estratégica de submarinos, um dos quais de propulsão nuclear, e de
novas corvetas médias da classe Tamandaré. Na próxima década, segundo
apurou o Estado, será lançado o projeto de desenvolvimento no País de um
porta-aviões de tecnologia nacional, equipado com aviões de ataque
brasileiros. Grande parte dos recursos de bordo, incorporados ao longo
do tempo durante operações de atualização de sistemas, será removida e
reinstalada em outras embarcações. A atualização dos jatos de ataque
Skyhawk, a cargo da Embraer, será mantida.
Gigante
O NAe A-12 São Paulo, um gigante de 32,8 mil toneladas, 265 metros e
1.920 tripulantes, tem 56 anos de idade e sob a identidade francesa,
Foch R-99, atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na
Europa, em apoio às tropas da coalizão nos conflitos dos Balcãs.
Nau-capitânia da Marinha, chegou ao Brasil em 2001 e durante três anos
atuou com certa normalidade. Em maio de 2004, um duto da rede de vapor
do A-12 explodiu. Três tripulantes morreram e sete ficaram feridos.
Entre 2005 e 2010 o navio passou por um amplo programa de
revitalização. Entretanto, deficiências nos motores, no eixo de
propulsão e nas catapultas empregadas para lançar e recuperar as
aeronaves foram se revelando muito graves. O Almirantado decidiu então
por contratar uma perícia de engenharia que pudesse definir a
conveniência de se realizar uma espécie de reconstrução. O resultado foi
negativo.
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